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15 de 09 de 2021, 17:08

Diário

Professores são “o fermento” da evolução da sociedade, diz Gouveia e Melo

Coordenador da task force visitou hoje a Escola Secundária Alves Martins. Lançou palavras de apoio aos professores no arranque de mais um ano letivo e disse que Portugal “já ganhou a este vírus”

Vice-Almirante Gouveia e Melo Visita a escola Esam

Fotógrafo: Igor Ferreira

O coordenador da ‘task force' da vacinação contra a covid-19, vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, abriu esta quarta-feira o novo ano letivo na Escola Secundária Alves Martins (ESAM), em Viseu, estabelecimento de ensino que frequentou em 1975/76, e disse que os professores são “o verdadeiro fermento” da evolução da sociedade.

Passou os portões do Liceu de Viseu e visitou a biblioteca, o refeitório “onde antes era só um bar”, as arcadas onde eram passados os intervalos, assim como uma sala de aulas, com as carteiras corridas de madeira, como na altura em que foi estudante e onde fez questão de se voltar a sentar.

No ginásio, dezenas de professores aguardavam Gouveia e Melo que falou da “vida um pouco desarticulada” que a família viveu no regresso de África, em que os pais ficaram em Lisboa e ele foi “mandado para casa de uma tia-avó” durante quase um ano, em que frequentou o quarto ano do liceu - atual oitavo ano de escolaridade - na turma N, n.º 30.

Gouveia e Melo lembrou ainda a “senhora muito simpática, mas tia-avó” e ele um jovem de 15 anos “confuso” e recordou o sentimento de “estar dentro de uma máquina de lavar” que tanto a ele como à sua família o “enrolava” sem que tivessem “o mínimo controlo sobre os destinos”.

“E vim encontrar paz aqui, neste Liceu. Essa paz foi-me transmitida, muito pelos professores e é isso que vos quero dizer enquanto professores. Os senhores são o verdadeiro fermento da evolução, a farinha são os alunos”, lançou, ao som de aplausos.

Gouveia e Melo disse aos professores que, apesar de acabarem por recordar três ou quatro alunos, "os alunos lembram-se de todos" os professores.

“O vosso exemplo de ética, de paciência, a estrutura que nos conferem, quando somos jovens, ajudando na educação que temos em casa e completando essa educação de casa. Os senhores são dos fatores mais relevantes da sociedade e devem ter orgulho disso e sentirem isso”, assinalou.

O vice-almirante deu o seu exemplo de quando o questionam sobre a sua escolha profissional, lembrando que “discutem-se ordenados e isso”, mas “só queria ser militar para sentir que fazia parte de um processo e que tinha um papel relevante nesse processo”.

“Os senhores têm esse papel. São muito úteis e são a levedura do futuro desta sociedade. A educação é o futuro de qualquer sociedade e basta olhar para a história e perceber isso”, apontou.

Assinalando o início do ano escolar, deixou o desejo de que os professores “consigam ser essa levedura que vai fazer um pão muito maior, com os ingredientes que já existem, que são os alunos”.

“Que os senhores consigam fazer aquilo que os professores que estavam na altura, em [19]75 aqui fizeram que foi fazer homens e mulheres que, no futuro, possam também contribuir de forma positiva e dar de volta o que recebemos nesse período”, concluiu.

Assumiu que o que viveu hoje na ESAM o “vai marcar para o resto da vida” e, à escola falou “de coração” e deixou de prenda o símbolo que carrega na farda militar, no braço direito, desde que lidera a ‘task-force’, a hidra de três cabeças.

Da ESAM, levou uma cópia do seu processo escolar, que o diretor, Adelino Azevedo Pinto, lhe ofereceu e a vivência de “ter voltado a passar os portões do Liceu”.


E a pandemia? Está ganha

Durante a cerimónia, também se falou no processo de vacinação. O responsável pela ‘task-force’ assumiu hoje que Portugal “já ganhou a este vírus”.

“Nós já ganhámos a este vírus, pelo menos, a primeira batalha está ganha e isso é um grande alívio para todos nós”, assumiu hoje o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, na sessão de abertura do ano letivo, na Escola secundária Alves Martins.

À margem da cerimónia, justificou aos jornalistas que a batalha está ganha, “porque a incidência está a cair apesar do estado de desconfinamento” em que o país se encontra, já depois do período de férias e da presença de estrangeiros.

“O processo de vacinação venceu o vírus e agora temos de começar a aprender a reganhar a nossa liberdade e a nossa vida. É isso que temos de fazer, claro que com alguns cuidados. Temos de ser inteligentes, também não podemos ser descuidados”, alertou.

Com a taxa de vacinação a atingir “quase os 86% das primeiras doses”, sendo que “normalmente um mês depois atinge-se o mesmo em termos de segunda dose ou vacinação completa”, o vice-almirante disse estar satisfeito com o resultado.

“O processo de vacinação ajudou-nos imenso nisto e nós estamos verdadeiramente satisfeitos, enquanto comunidade, devemos estar verdadeiramente satisfeitos connosco próprios, porque foi uma pequena taxa de pessoas negacionistas que fez com que chegássemos a este processo, com esta taxa imensa de vacinação completa”, destacou.

O vice-almirante Gouveia e Melo desvalorizou ainda o facto de Portugal ser o primeiro país do mundo em termos de taxa de cobertura de vacinação, dizendo que isso não o preocupa, sendo que a sua preocupação “é se essa taxa é suficiente para haver proteção de grupo e eventualmente a imunidade de grupo”.

“Estou confiante que sim, mas só o futuro o dirá, mas se atingirmos essa imunidade de grupo ou, pelo menos, a proteção de grupo, são excelentes notícias para o nosso país e para a nossa vida, daqui para diante”, defendeu.

O responsável disse ainda, perante dezenas de professoras presentes no ginásio, que foram “superados em mais de 85% a vacinação dos jovens dos 12 aos 19 anos”.

“Podem pensar que é pouco”, mas o vice-almirante explicou que “é muito, porque há 5% ou 6% que ainda são recuperados, que não podem ser vacinados, portanto, são mais de 90%” de pessoas vacinadas.

Perante questões levantadas por professores, Gouveia e Melo defendeu que “a melhor postura perante os negacionistas, que vivem numa bolha em que se autoalimentam, é a democracia” e, neste sentido, mostrou-se “muito satisfeito” por o Estado de Direito funcionar, ao chamar as pessoas, que o insultaram e ameaçaram, à justiça.

“A democracia é isto. É exigir a nós próprios exercer a democracia todos os dias e exercer a democracia é não permitir que alguém nos grite aos ouvidos e nos empurre para as ideias deles. As pessoas podem ter as suas ideias, é perfeitamente legítimo, não têm é que me vender essas ideias de forma agressiva, como eu também não vendo as minhas ideias de forma agressiva. Isso é democracia”, definiu.

Aos professores, o vice-almirante terminou as suas palavras sobre a vacinação e o processo em que esteve envolvido: “Estejam confiantes que 2022 vai ser um ano completamente diferente de 2021 e também diferente do fim de 2020 e até meados de 2020, porque nós vencemos o vírus. Não sou político (…) sou genuíno no que estou a dizer e fizemos o máximo para acabar o processo o mais rapidamente, só que o processo foi condicionado pela disponibilidade de vacinas”, concluiu.