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Joaquim Alexandre Rodrigues
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Mário Soares e José Junqueiro em Moimenta da Beira em 2010
Mário Soares faria 100 anos este sábado (7 de dezembro). Entre os vários locais que passou devido ao seu percurso político, Viseu foi uma das regiões onde viveu momentos especiais, que ficam para sempre na memória de José Junqueiro, camarada do antigo líder do Partido Socialista.
José Junqueiro, ex-deputado e ex-secretário de Estado, recorda as aventuras que partilhou com Mário Soares, destacando o impacto que a presença do ex-Presidente da República despertava na população.
“Nunca me vou esquecer de uma deslocação dele a Lamego. Na altura arranjaram-lhe um carro com teto de abrir. Estava tudo cheio de gente para o ver e essa chegada foi comparada à chegada do Papa”, lembra o ex-deputado.
O gosto pela gastronomia portuguesa era um dos traços característicos de Mário Soares, que aproveitava as vindas a Viseu para comer os produtos de eleição. “Em Viseu adorava comer cabrito e cozido. Tinha grande estima pelo restaurante Trave Negra, que já não existe, mas era dos seus preferidos,” conta Junqueiro.
“Mário Soares era visto como a cara da democracia. Defendê-lo, era defender a liberdade. Numa das várias deslocações ao norte do país, optou por pernoitar em Viseu, onde ficou hospedado em casa de Álvaro Monteiro. Nessa noite vários caçadores e outras pessoas passaram toda a madrugada nos quintais a guardá-lo”, relembra o amigo.
Em Viseu, o ex-Presidente percorreu todos os concelhos e em todos se interessava pelas figuras locais mais emblemáticas, como pintores, músicos ou escritores. “Em todos os sítios, procurava uma livraria”, recorda, enaltecendo o espírito cultural que o caracterizava.
Para José Junqueiro, Mário Soares deixou um legado ímpar tanto na região de Viseu como por todo o país. Caracteriza-o como “uma pessoa de convicções, lutava por elas, mesmo em circunstâncias difíceis”.
Mário Alberto Nobre Lopes Soares nasceu em Lisboa a 7 de dezembro de 1924. Foi advogado e político, destacando-se como Primeiro-Ministro de Portugal de 1976 a 1978 e de 1983 a 1985.
Foi Presidente da República Portuguesa de 1986 até 1996, o primeiro civil a ocupar o cargo após o 25 de Abril. Foi eleito para o primeiro mandato em 1986 com 51,18% dos votos, na segunda volta contra Freitas do Amaral, e reeleito em 1991 com uma maioria de 70,35%.
As homenagens
António Ramalho Eanes, Pedro Santana Lopes e Eduardo Ferro Rodrigues marcam esta sexta-feira presença no parlamento para homenagear o centenário do nascimento do antigo Presidente da República.
O antigo Presidente da República Ramalho Eanes e o antigo primeiro-ministro social-democrata Santana Lopes foram os únicos antigos chefes de Estado e de Governo a marcar presença e a reunirem com os restantes convidados na sala de visitas do Presidente da Assembleia da República.
Numa manhã que começou ainda antes das 10h00 com a Guarda de Honra da GNR a ocupar o passeio fronteiro às Assembleia da República, com estandarte, banda e fanfarra, as chefias militares, que chegaram às 10h15, foram os primeiros convidados de honra a serem recebidos no parlamento para a homenagem parlamentar ao legado de Soares.
Sete minutos depois chegou António Ramalho Eanes acompanhado da mulher, Manuela Eanes, para seguirem para a sala de visitas do presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, onde foram recebidos pelos líderes parlamentares de todos os partidos – ao contrário do que aconteceu no passado dia 25 de Novembro, onde BE, PCP e Livre não marcaram presença para receber o antigo chefe de Estado.
Perto das 10h30 chegou ao parlamento o primeiro-ministro, Luís Montenegro, que subiu até à sala de visitas de José Pedro Aguiar-Branco acompanhado por Diogo Pacheco de Amorim, deputado do Chega e vice-presidente da Assembleia da República.
Com os convidados ainda a chegarem gradualmente à sala de visitas de Aguiar-Branco, dentro de um hemiciclo decorado com três arranjos de rosas vermelhas e amarelas – dois na Mesa da Assembleia da República e um no púlpito – foram-se acomodando os membros do Governo e os convidados nas galerias.
Também no hemiciclo, encontravam-se quatro projetores com fotografias a ilustrar o percurso histórico de Mário Soares junto de várias figuras da política nacional. Aqui e ali vislumbraram-se alguns cravos vermelhos nas lapelas de deputados socialistas.
A 15 minutos da 11h00, hora marcada para o início das cerimónias, foi içada a bandeira presidencial na fachada do parlamento para assinalar a chegada de Marcelo Rebelo de Sousa, que surgiu a pé e foi recebido por Aguiar-Branco.
Com o Presidente em frente ao Palácio de São Bento ouviu-se, como manda o protocolo, o hino nacional, tocado pela GNR.
Na sala de visitas, além dos membros da Mesa do parlamento e dos antigos chefes de Estado, de Governo e presidentes da Assembleia da República, estiveram também os filhos de Mário Soares – João e Isabel Soares – que mereceram tratamento protocolar. A restante família de Mário Soares foi encaminhada para os lugares destinados na Sala das Sessões.
De notar também a presença de Mário Centeno, governador do Banco de Portugal, a preencher o leque de várias figuras que têm sido apontadas como possíveis candidatos à Presidência da República, além de Santana Lopes e do almirante Gouveia e Melo.
A cinco minutos do início, Montenegro juntou-se aos membros do executivo no hemiciclo e, exatamente à hora marcada, chegou Marcelo Rebelo de Sousa, segundos antes de se ouvir o hino nacional pela segunda vez esta manhã, desta vez executado já na zona dos Passos Perdidos, no interior do parlamento.
No final da sessão, as três mais altas figuras do Estado – Marcelo, Aguiar-Branco e Montenegro – ficaram a conversar durante alguns minutos com os familiares de Mário Soares, tendo depois o primeiro-ministro deixado os Passos Perdidos ao lado do antigo chefe do Governo Pedro Santana Lopes.
Depois, também o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, conversou com João Soares, tendo deixado a zona próxima da comunicação social com o presidente do partido, Carlos César.
Nota: Fotografias cedidas por José Junqueiro