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O lugar em que vivemos

 O lugar em que vivemos - Jornal do Centro
16.04.25
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 O lugar em que vivemos - Jornal do Centro

por
Guilherme Gomes

Tanto quanto sabemos, só vivemos uma vez. E nos momentos mais lúcidos, podemos ser assaltados pela interrogação: e se desperdicei a minha vida? Quando temos a sorte de poder ir além da mera sobrevivência, esta pergunta, que dirigimos a nós próprios, tem um contexto: o lugar em que vivemos. E o lugar em que vivemos tem, neste texto, também, o valor de lugar onde a vida é algo que construímos e não apenas algo que nos acontece.

Daí que cultivar este lugar seja um trabalho de fundo, e uma grande responsabilidade. De quem a este trabalho se dedica profissionalmente esperamos que cultive um território onde possamos encontrar sentido, viver uma vida boa, e acima de tudo não viver com a sensação de que estamos a perder oportunidades. Cada território tem as suas especificidades, as características que lhe dão personalidade – e também isso é uma condição que nos constrange e pode inspirar. Ainda assim, há oportunidades que tornam a vida possível: acesso a educação de qualidade, a emprego digno, a habitação digna, a cuidados de saúde e bem-estar, a liberdade de circulação, pensamento e autodeterminação, à segurança e à vizinhança, a expressões artísticas diversas e de qualidade, a afirmações e cruzamentos culturais, a um espaço público de qualidade, que nos convoque. São algumas das oportunidades que não podemos perder, e que trazem um horizonte alargado ao que pode ser a experiência humana.

Aceitei colaborar com João Azevedo na construção do programa com que se candidata à Câmara Municipal de Viseu. Fi-lo porque Viseu é minha família e minha raíz. Fi-lo porque me parece que demasiadas vezes perdemos a oportunidade. E fi-lo porque estou sinceramente convicto de que Viseu pode ser de formas mais justas o lugar onde a vida é possível.

Ora, aprendi há uns anos que nestas reflexões deve imperar o “nada sobre nós sem nós”.

Fico feliz por saber que esta candidatura promoverá ao longo dos próximos meses a oportunidade de somar às convicções e intuições de um grupo de trabalho que já existe as vozes de quem a queira oferecer nos fóruns “Ouvir Viseu”. Ainda assim, atrevi-me a partilhar uma reflexão, a partir de uma das perguntas que surgiram no grupo: como olhar para a juventude? Propus que, em primeiro lugar, a juventude é um espectro alargado.

Tanto na faixa etária como na definição das juventudes. Há muitas e muito diversas. Mas que uma coisa, ainda assim, parece transversal: enquanto atravessamos a juventude ainda podemos ser tudo. E talvez a juventude tenha braços enormes que se estendem pela nossa vida toda.

À juventude, como a qualquer pessoa, o melhor que podemos fazer é oferecer as ferramentas e a circunstância para se construir: dar as oportunidades de formação, trabalho, de pensamento e discussão consequente, o espaço de expressão, de afirmação, de autodeterminação, de expansão do conhecimento. Oferecer a oportunidade de encontrar um sentido para as suas revoltas naturais, as suas angústias, as frustrações, a inevitável tentação de “matar o pai”. 

A juventude não é muito diferente das outras faixas etárias – se o for de alguma forma. Deseja um território vivo, com um espaço público que possa ser ocupado como lugar de encontro, de expressão e de lazer. Deseja poder concretizar-se de formas mais activas ou passivas. Deseja um espaço para errar e correr riscos. Deseja pertencer, fazer parte da vida do território, ser reconhecida e escutada. Precisa de organizações e projectos culturais fortes, acessíveis e diversos (museus, bibliotecas, teatros – ou mesmo as escolas, no enquadramento do Plano Nacional das Artes), precisa de lugares de experimentação e erro (oficinas e laboratórios temáticos), de incentivos para cultivar a curiosidade, a saúde e a integração.

Não é suficiente salvaguardar um território de bem-estar, é preciso cultivar um território de poder-ser. Um lugar em que vivemos, e não apenas o lugar onde a vida se vai passando.

Faço parte de uma geração em que muitos, tendo vivido a juventude em Viseu, (ainda) não regressaram a este território na vida profissional. Para muitos, regressar a Viseu significa abdicar de potencial e oportunidades de progressão profissional. Mas à medida que os jovens se tornam adultos, cidades como Viseu podem oferecer o que grandes cidades tendencialmente não conseguem: um melhor equilíbrio entre a vida profissional e pessoal.

Para isso, seria preciso conseguir que territórios como este não representem uma interrupção no percurso profissional, e salvaguardar o acesso a bons serviços indispensáveis para famílias, a habitação, o emprego, a creche, a escola, o centro de saúde, o hospital, o comércio, o espaço público diversificado e activo, uma vida cultural estimulante.

Este texto não é mais que o elencar de uma série de desejos. E um convite às candidaturas que se apresentem à Câmara Municipal: valerá a pena conhecer o perfil dos jovens que se formaram nos últimos 20 anos: quais foram os cursos universitários e saídas profissionais mais escolhidos pelos jovens viseenses, por exemplo? Muitos deles não voltaram: como é que podemos fazer com que o período temporário seja lá fora e não cá dentro. Como fazer de Viseu o lugar em que vivemos?

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