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“Gosto de tirar fotografias. Não tive vergonha, a fotografa foi muito simpática”, atirou Gracinda Matos, de 96 anos, que esta terça-feira (22 de abril) fez parte do grupo de 50 idosos que participaram numa sessão assinada pela fotógrafa Sandra Ventura, que há mais de uma década viaja pelo país a captar os rostos dos mais velhos.
A iniciativa foi organizada pelo Centro Social Paroquial de Rio de Loba, no concelho de Viseu, e pretendeu proporcionou um dia diferente aos utentes da instituição. Muitos participaram pela primeira vez numa sessão fotográfica e outros estrearam-se nos cuidados de beleza.
“Foi a primeira vez que fui maquilhada”, contou Gracinda Matos, que fez questão de aplaudir a iniciativa “muito boa e muito bem organizada”. Atentos à conversa estavam os filhos, Amélia Aparício e Fernando Oliveira, e o genro e nora, Carlos Aparício e Teresa Oliveira, que também participaram na sessão e não pouparam elogios à ideia da instituição.
“É uma iniciativa muito importante, que valoriza estas pessoas e lhes levanta o ego. E também faz com que sintam o acolhimento do centro, da família e de todos os que ajudaram a realizar esta sessão. É com gosto que estamos aqui”, referiu o genro, Carlos Aparício.
Outros dos participantes na sessão foi Gabriel Lopes, de 73 anos, que confessou que foi a primeira vez que fez uma sessão fotográfica. “É uma iniciativa muito engraçada e não pensava que era assim. Foi muito, muito bom”, afirmou.
Sobre pousar para a fotografia, Gabriel Lopes disse que se sentiu “muito bem” e garantiu que quer repetir. “A senhora que está a tirar as fotografias ia ajudando, a dizer como nos devíamos por. Foi muito interessante”, sublinhou.
Esta é a segunda vez que Sandra Ventura fotografa os utentes do Centro Social Paroquial de Rio de Loba. Há 10 anos já tinha estado em Viseu e quando lhe foi lançado o desafio não pensou duas vezes. “É fantástico voltar onde já fomos felizes”, afirmou a fotografa.
A registar os rostos dos mais velhos há mais de 10 anos, Sandra Ventura confessa que é a fazê-lo que se sente bem. “Os idosos são o que eu mais gosto de fotografar, é onde me encaixo melhor. Quero registá-los nesta fase da vida. Nem toda a gente aqui chega e é uma fase muito importante”, sublinhou.
Sobre esta paixão, a fotografa conta que a ideia surgiu por querer fazer alguma coisa diferente. “Gosto muito deles, sempre vivi com muita gente mais velha à minha volta, os meus avós que foram cuidados em casa e apercebia-me da importância que eles têm na nossa vida. Sempre tive afinidade com os mais velhos”, recordou.
Sandra Ventura contou ainda que fotografar os mais velhos é muito diferente. “Estas pessoas agradecem-me sempre muito. Nunca tiveram muito esta questão da fotografia, dos cuidados da pele.
Acho que eles acabam por gostar e acabam por ser mais agradecidos do que outras pessoas e isso é gratificante”, explicou.
A fotografa lamentou ainda que a vertente da fotografia aos mais velhos não seja muito valorizada e destacou a importância destas sessões. “Não venho cá tirar fotografias tipo passe ou para a última morada. Venho cá para lhes deixar uma recordação, a eles e aos familiares, para que um dia que estes elementos da família já não estejam os possam recordar numa fase tão bonita da vida, como é a terceira idade”, frisou.
A acompanhar Sandra Ventura estava Tiago Batista, a quem cabe toda a parte de edição das fotografias.
Já Vanda Rodrigues, técnica superior de Educação Social da instituição, explicou que o grande objetivo da iniciativa, além de proporcionar um dia diferente aos utentes, “é trabalhar a autoestima, a autoimagem e permitir a capacitação e valorização das pessoas com mais idade”.
“Durante um dia puderam experienciar o que é ser modelo e o que isso envolve, desde a dinâmica de cabeleireiros, maquilhagem e fotografias”, explicou. Nos cuidados de beleza, a iniciativa contou com o apoio do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP).
Sobre a participação das famílias, Vanda Rodrigues frisou que “ainda estamos a sair da época Covid e, portanto, ainda há muitas fragilidades associadas àquele isolamento”.
“O facto de hoje podermos abrir portas e termos as famílias a fotografar com eles é ainda mais benéfico para a autoimagem, para a autoestima dos utentes”, sublinhou, assegurando que a instituição vai voltar a repetir a iniciativa.