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Esta quarta-feira celebra-se o Dia Mundial do Livro, assim como o Dia Mundial dos Direitos de Autor. O Jornal do Centro falou com dois escritores com diferentes métodos e público-alvo sobre o seu processo de escrita e tentou perceber, na opinião de cada um, qual o poder dos livros e da leitura.
Pedro Coutinho Simões é professor na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viseu, e faz parte da lista de cronista do Jornal do Centro. Em celebração dos seus 10 anos de existência, Pedro Coutinho lançou este ano uma compilação de várias crónicas escritas para o jornal, onde abordou questões como a importância da imprensa local, de uma identidade local e do poder da comunicação. O prefácio do livro foi escrito pela jornalista e diretora do jornal, Sandra Rodrigues.
Todos estes assuntos, como explicou ao Jornal do Centro, são “bastante pertinentes hoje em dia, uma vez que estamos a assistir a uma viragem naquilo que são as orientações políticas do mundo e há toda uma série de fenómenos estranhos da ascensão dos populismos que se prendem com a comunicação”.
“Achei que, como esses textos tinham esse caráter de alguma contemporaneidade, que era interessante juntá-los todos”, disse ainda. As crónicas, explicou Pedro Coutinho Simões, são dirigidas aos seus alunos, e procuraram despertar “uma reflexão sobre os problemas comunicacionais”, e resultam de um convite por parte do Jornal do Centro, que procurava na altura mais opiniões do foro académico.
O livro de Pedro Coutinho Simões foi publicado pela Chiado Books, num processo de parceria híbrido intitulado de autopublicação. “Não tem as vantagens todas que eles oferecem como momentos de lançamento ou livros nos escaparates da livraria A, B ou C, mas também nunca tive um interesse comercial com a publicação, pelo que pude dispensar essa parte”, explicou.
Semelhante a áreas como o cinema, a música ou o teatro, a existência de editoras de cariz regional é algo que Pedro Coutinho Simões considerou poder ser bastante positivo. Porém, “a nível regional, uma editora conseguir subsistir com aquilo que será o mercado regional num país com a nossa dimensão está sempre marcado por grandes dificuldades”.
“Existem editoras em Viseu e existem algumas publicações que vão conseguindo, mas é sempre muito difícil e com custos para o próprio escritor, o que será sempre um contrassenso, que é a pessoa ter de pagar para conseguir publicar”, afirmou ainda o professor da ESEV.
Em relação aos hábitos de leitura entre os jovens, o Pedro Coutinho Simões considerou que tem havido ligeiras melhorias em comparação com o que se verificava há alguns nos. “É normal que uma pessoa quando chega a um ensino superior com 17 ou 18 anos, a esmagadora maioria dos adolescentes e jovens adultos não terão necessariamente grandes hábitos de leitura, mas tem sido interessante uma coisa que se tem verificado”, adiantou o professor. “Mesmo no TikTok e noutras redes sociais, têm aparecido os grupos de leitura, que é um bocadinho um contraciclo do que se esperaria há 10 anos. Não me parece que os livros estejam em desuso e, dentro daquilo que será uma minoria, vai havendo muito gente a ler”, assumiu ainda.
Pedro Coutinho Simões terminou com um conselho para quem procura criar hábitos de leitura, que lhe foi dado por um antigo professor: “tentar ler, no mínimo, uma página editada por dia, do que quer que seja”. “Transforma-nos em melhores escritores, em melhores pensadores e aproxima-nos dos mundos construídos que a literatura nos dá e que muitas vezes não chega até nós porque andamos embrenhados nas redes sociais”, concluiu.
Também para Isilda Monteiro, professora de segundo ciclo em Viseu, o conselho para os mais novos é um: “leiam, leiam, leiam”.
“Viajem através dos livros, deem asas à vossa imaginação, leiam de forma livre, porque o ler enriquece-nos, tranquiliza-nos e emociona-nos, por isso leiam muito e se puderem também escrevam muito”, continuou a professora e escritora de livros infantojuvenis, que publicou recentemente o livro “Sai fora da Caixa”. “As palavras são aquilo que fica, tudo o resto vai embora um dia, menos o que foi escrito. A leitura e a escrita são uma forma pura de nos encontrarmos, de aprendermos e de sermos melhores”, concluiu.
A professora de Português e História e Geografia de Portugal de quinto e sexto ano já lançou um total de sete obras, entre livros de poesia e de aventura que procuram despertar nos mais novos o gosto pela leitura. “Sai fora da Caixa” foi escrito a quatro mãos, entre Isida Monteiro e Carlos Nabais, atualmente reformado e dedicado de forma total à escrita. O livro surgiu, explicou a escritora, por uma questão de necessidade, depois de ver os mais novos sempre “agarrados ao telemóvel” quando estavam na escola.
Maioria dos portugueses prefere ler romances ou contos na tranquilidade do lar
Um estudo realizado o ano passado pela Preply a 500 pessoas de todo o país concluiu que 42% dos inquiridos consideravam ser “pouco leitores desde sempre” ou ter perdido os hábitos de leitura ao longo do tempo. Por outro lado, mais de 57% afirmaram ser “bons leitores desde sempre” ou tendo desenvolvido maiores hábitos de leitura com o passar do tempo.
A quase totalidade dos inquiridos (90%) assumiu que prefere ler um livro durante a tranquilidade das suas casas. Além disso, aproximadamente um terço acaba por ler mais durante as férias e viagens e quase 30% gostam de ler em praças e parques.
Em relação aos géneros literários escolhidos na hora da leitura, os romances e contos ficam em primeiro lugar, sendo a principal escolha de 60% das pessoas. Em segundo lugar, vêm as obras de mistério ou suspense (mais de 50%), seguidas dos livros de desenvolvimento pessoal (37%). Já as obras de fantasia e ficção científica agradam a 36% dos leitores. Os livros de não-ficção são escolhidos de forma regular por quase 29% das pessoas.