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A 6 de abril assinala-se o Dia Mundial da Atividade Física, que pretende sensibilizar para a importância da prática desportiva. Ao exercício físico são atribuídas inúmeras vantagens: ajuda a combater patologias como obesidade, diabetes, hipertensão arterial ou stress; melhora a qualidade de vida, o sistema cardiorrespiratório, o ciclo de sono, o bem-estar físico e mental, etc. Mas a lesão desportiva é uma realidade, seja no desporto amador, profissional ou de alta competição. O joelho acaba por ser uma das articulações mais lesadas durante a prática desportiva.
Para um diagnóstico correto é necessário realizar uma história clínica e um exame físico minuciosos, ter conhecimentos da modalidade praticada, do treino, do piso onde é praticada, ambiente, condições climatéricas, calçado utilizado, gestos técnicos de repetição, cuidados básicos de hidratação e alimentação, períodos de treino e de repouso entre as competições e treinos, suplementos e medicação. Todos estes fatores podem ter influência no tipo de lesão ou mesmo no rendimento do atleta. A radiografia, ecografia, tomografia computadorizada (TC) e ressonância magnética (RM) são exames que podem auxiliar no diagnóstico.
O tratamento deve ser sempre individualizado. O tratamento imediato das lesões músculo-esqueléticas é conhecido como o princípio RICE (repouso, gelo, contenção e elevação) e tem como objetivo diminuir a hemorragia local, controlar a inflamação e melhorar a cicatrização.
As lesões traumáticas são provocadas por traumatismos normalmente únicos e violentos. São frequentes em desporto de alta velocidade (desporto motorizado), com alto risco de queda (esqui, skate, snowboard) e em desportos coletivos com contacto (futebol, andebol, rugby, basquetebol e andebol). Neste subgrupo, podemos incluir lesão de ligamentos (colaterais ou cruzados), meniscos (rotura), lesões musculares ou mesmo fraturas.
As lesões do menisco são relativamente frequentes e ocorrem normalmente com mecanismos de rotação entre o fémur e a tíbia (por exemplo, o atleta que roda sobre o joelho com o pé preso). Por vezes, a lesão é acompanhada de um estalo e o joelho pode ficar inchado (derrame). O atleta poderá sentir dor, bloqueio ou falhas no joelho. A RM acaba por confirmar o diagnóstico e, uma vez mais, o tratamento deverá ser individualizado. O tratamento inicial é conservador (RICE), mas algumas lesões têm indicação para cirurgia que poderá ser uma simples menisectomia ou sutura do menisco, em casos muito seleccionados.
O ligamento cruzado anterior tem um papel fundamental na estabilidade do joelho, muito importante para a prática desportiva. O mecanismo de lesão é em 2/3 dos casos sem contacto por movimentos de torção ou rotação. O atleta poderá sentir um estalo no joelho e a maioria vai apresentar joelho inchado (derrame). Alguns testes clínicos são usados para testar a estabilidade da articulação, mas o exame de imagiologia mais importante é a RM, que nos permite a avaliação de patologias associadas, nomeadamente nos meniscos e cartilagem do joelho. O tratamento destas lesões, como em tantas outras, deve ser individualizado. Poderá ser de um simples RICE, reforço muscular ou mesmo tratamento cirúrgico.
Existe também outros tipos de lesões como lesões de sobrecarga ou overuse, que normalmente têm origem em microtraumatismos. Podem atingir os tendões, músculos, nervos ou até mesmo a cartilagem. Estas lesões ocorrem de forma gradual e progressiva e são mais frequentes em desportos aeróbicos com treino repetido, longo e monótono (diferentes modalidades de corrida, ciclismo) ou em desportos com gestos técnicos repetitivos (ténis, salto em altura ou comprimento, lançamento de dardo). O tratamento conservador (gelo, repouso, modificação do estilo de vida e fisioterapia) continua a ser a solução eficaz para a maioria destas lesões.
Em caso de lesão, deve fazer interrupção da atividade física e procurar observação médica para um diagnóstico precoce e um tratamento mais eficaz.
Ugo Fontoura, Médico Ortopedista no Hospital CUF Viseu
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