No terceiro episódio do programa “Bem-Vindo a”, tivemos o prazer de conversar…
São mais de 100 presépios, de diferentes tamanhos e construídos ao longo…
por
Teresa Machado
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Isalita Pereira
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Joaquim Alexandre Rodrigues
Proponho uma reflexão sobre um tema bastante conhecido de muitos, mas que carece de uma repetição exaustiva até ser conhecido de todos… Uma pandemia silenciosa está instalada nas novas gerações. Chamemos-lhe Pandemia de Semiose AutoDestrutiva (PSAD). A atribuição de nomes aos fenómenos torna-os significativos e, como tal, começamos por aí. O nome não é imediatamente óbvio, mas podemos ir por partes.
Em traços gerais, a semiose pode ser entendida como o processo de significação de um signo num determinado contexto. Usemos o exemplo de uma fotografia impressa com a nossa imagem. Trata-se de um papel com tinta, apenas um papel com tinta. Olhando para ela, sentimos a necessidade de lhe conferir um significado, de ver nela mais do que um papel com tinta. Esse significado surge quando assumimos que se parece connosco, que parece que somos nós no papel. Esse processo será, grosso modo, uma semiose.
Até aqui parece óbvio e simples, no entanto, se mudarmos o suporte da fotografia, muitas coisas se alteram.
Consideremos agora uma fotografia num ecrã. Já não é tinta num papel, mas luz emitida pelo ecrã. Essa luz colorida mostra-se aos nossos sentidos e é interpretada como uma imagem nossa. Essa imagem é naturalmente diferente de nós, seres a 4 dimensões com biologia complexa. Não somos da mesma natureza da imagem do ecrã. O ecrã é sempre um filtro; sempre. Para além dessa sua natureza artificial, podemos ainda adicionar os filtros de limpeza de pele, de alteração de traços, de limpeza de brilho, cor, cenário, etc., etc…. Consideremos agora que esses ecrãs são dotados de uma extraordinária capacidade de sedução, persuasão e geração de comportamentos aditivos. Por outras palavras, os smartphones e seus familiares estão dotados de programas e aplicações que funcionam em rede com o único propósito de nos manterem sempre ligados a eles. Isso acontece através de um processo que se chama recompensa aleatória.
Fazemos scroll down com o polegar, sempre na expectativa de ver alguma coisa interessante. Este é um processo viciante demonstrado há dezenas de décadas.
Adicionemos agora dois confinamentos. Agitemos bem…
Temos então uma forçada socialização através de redes eletrónicas viciantes. Nada do que chega até aos indivíduos é direto. É sempre mediado por imagens que se parecem com alguma coisa que, na verdade, desconhecemos naquele instante. Este resultado é, no mínimo, produtor de distopias e problemas sociais severos resultantes dessa visão do mundo deturpada ou filtrada. Assim, acabamos por viver imersos num mundo irreal, cujas prioridades são ditadas pela inteligência artificial das redes que escolhem o que nos mostrar.
Adicionemos agora o elemento mais perturbador: um adolescente de idade entre os 11 e os 16 anos. Privado de convívio entre pares, privado de descobertas, de namoros, de almoços, de jogos… Tudo passa pelo ecrã. Todas as referências do mundo chegam filtradas…
Teremos então adolescentes cuja autoestima está partida ao meio ou em pedaços; adolescentes cuja autoimagem é sempre filtrada pelos ecrãs que sugerem remover o acne e os olhos de sono, adelgaçar o rosto e colorir os lábios.
Esta é uma verdadeira Pandemia de Semiose AutoDestrutiva (PSAD) quando os alunos dos ensinos secundário e superior se recusam a ligar a câmara nas aulas online porque têm receio de não estar apresentáveis. Esta é uma PSAD quando os adolescentes e jovens sentem que precisam de ser filtrados para encaixar. Esta é uma PSAD quando as novas gerações temem o contacto direto com seres humanos porque não têm a autoestima de quem é feliz.
O problema é tão grave que até as empresas de cosméticos iniciaram campanhas por uma beleza real, pedindo aos jovens para serem felizes como são, sem base, rímel, ou operações plásticas. Este pode bem ser um dos problemas que mais efeitos terá nestes dias que se aproximam: uma geração de adultos partidos que sentem que não são capazes e que não estão prontos. Adultos disponíveis para aceitar tudo o que lhe derem; disponíveis para aceitar baixos salários, horários absurdos, violências nas relações e um arrastar dos bullyings até ao fim da vida, vitimizados por si mesmos, destruídos por nunca cumprirem com expectativas de perfeição, perfeição que, na verdade, não existe…
por
Teresa Machado
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Isalita Pereira
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Joaquim Alexandre Rodrigues
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Jorge Marques
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Vitor Santos