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Joaquim Alexandre Rodrigues
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Os militares deixaram que a primeira república durasse dezasseis anos e depois acabaram com ela, deixaram que a segunda república se arrastasse por quarenta e oito longos anos e depois, num “dia inicial inteiro e limpo”, acabaram com ela.
Foram também os militares que fizeram o parto da terceira república. Que entretanto cresceu e já é bem adulta. Tem quarenta e sete anos. Está quase a ultrapassar, em duração, os anos salazarosos. O actual regime está para durar. Os tempos são outros. Os militares agora já não fazem golpes de estado.
A terceira república prepara-se para festejar o seu meio século. E sem olhar a despesas. Já lá vamos a esse boyismo. Antes disso, façamos um scanning rápido, quase esquemático, pelos anos já vividos da nossa democracia.
1974 a 1986 — o tempo dos fundadores
Neste período turbulento, os fundadores do regime — MFA/Eanes, Soares, Cunhal, Sá Carneiro, Freitas — fizeram a descolonização, a desmilitarização do poder e prepararam a entrada na “Europa”.
Neste período, precisámos de pedir dinheiro duas vezes ao FMI:
— em 1977, empréstimo no valor de 1% do PIB, por causa do retorno das colónias; este resgate foi um sucesso, permitiu integrar rapidamente mais de meio milhão de concidadãos vindos de África;
— em 1983, 2,8% do PIB; desta vez foi traumático, houve muita fome e os rendimentos foram engolidos por inflações elevadíssimas; em 1983 o poder de compra caiu 7% e, no ano seguinte, 12,5%.
1986 a 2001 — o tempo dos sucessores
Numa boa parte desta década e meia tranquila, o pai do regime, Mário Soares, pontificou em Belém, mas foram os sucessores — Cavaco e Guterres — que trataram do essencial: infraestruturação do país, consolidação do poder local, aprofundamento do estado social, preparação para a entrada na moeda única.
Não houve nenhuma bancarrota durante este período, o que não admira se nos lembrarmos das receitas das privatizações e do fluxo dos fundos comunitários.
2002 a 2021 — o tempo dos funcionários
Nestas duas décadas, passámos a ser governados por líderes sem vida fora da política. Durão, Santana, Sócrates, Passos e Costa têm óbvias diferenças entre si, mas todos eles fizeram da política a sua profissão.
Nestes anos do pântano, tivemos aumentos de impostos, corrupção descarada e impune, parasitação partidária e degradação dos serviços do estado, centralismo, abandono do interior.
Entre 2011 e 2014, a bancarrota socrática obrigou a um resgate no valor de 45,5% do PIB (!), causando desemprego, emigração e desesperança.
As últimas gerações no poder pouco mais têm sido do que okupas do futuro. A dívida pública, que os nossos filhos e os nossos netos vão ter de pagar, não pára de aumentar. No virar do milénio, era de 78 mil milhões de euros (57,4% do PIB), agora mais do que triplicou, já ultrapassa os 270 mil milhões de euros (133,7%).
Levamos duas décadas seguidas de estagnação. Os países de leste — que entraram na UE nos alargamentos de 2004, 2007 e 2013 — ou já nos ultrapassaram ou preparam-se para o fazer.
Notas finais:
— as designações “tempo dos fundadores, dos sucessores, dos funcionários” são de Joaquim Aguiar, as três divisões temporais são minhas;
— a comemoração dos 40 anos do 25 de Abril custou ao todo 250 mil euros; agora, esse valor não chega sequer para pagar as mordomias de Pedro Adão e Silva, o comissário executivo para a comemoração dos 50 anos;
— o costume: fora da capital estado mínimo, na capital estado máximo; a corte centralista, tanto a política como a mediática, acha que assim é que é natural, assim é que está bem; é por isso que ninguém se deve admirar por a melhor e mais completa biografia daquele videirinho ter sido feita pelo Porto Canal e não por nenhum media alfacinha.
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