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As Cavalhadas de Teivas regressam este domingo (20 de junho) a Viseu, mas a festa já não vai ser a mesma em comparação com os últimos anos. Não haverá novamente o tradicional cortejo por causa da pandemia da Covid-19, mas a tradição faz-se na mesma com apenas um carro alegórico no Rossio.
No pavilhão da Associação de Teivas não há nesta altura o ambiente nem o número de pessoas participantes dos outros anos.
Mesmo assim, há mãos à obra. A organização das Cavalhadas já anunciou que quer recolher testemunhos para candidatar a tradicional Dança da Morgadinha a património nacional da cultura.
“Este ano, como temos este projeto de candidatura da Dança da Morgadinha a património nacional da cultura, vamos ter um gabinete de recolha de toda a informação que nos for chegando para criarmos o portefólio necessário para esta candidatura”, afirma Alexandra Sá, presidente da Associação de Teivas.
Entre os materiais, diz a dirigente, aceitam-se “vestidos, fotografias e mesmo entrevistas realizadas a várias pessoas sobre a história das Cavalhadas e o que são para elas as Cavalhadas”, entre outros. “Queremos elementos que nós possamos desconhecer e que nos tragam para constituirmos um grande documento”, frisa.
Alexandra Sá destacou a entrega que uma senhora faz à Associação de Teivas, que recebeu vários vestidos usados pela própria e pela sua família, incluindo a mãe e as irmãs. Algo que prova que a tradição passa mesmo de geração em geração. “É fantástico. Significa que as pessoas têm uma relação afetiva com as Cavalhadas”, diz de forma orgulhosa.
Depois do património nacional, a organização quer levar mais longe a tradição da Morgadinha e vê-la classificada como património imaterial da humanidade.
Carro alegórico será dedicado ao tema da Cidade-Jardim
No domingo, dia em que deveria decorrer o tradicional desfile alegórico, as Cavalhadas de Teivas vão-se fazer representar por um carro e também por pouquíssimos pares que farão a Dança da Morgadinha no Rossio, no centro de Viseu.
Segundo Alexandra Sá, “só vamos ter no domingo um carro alegórico para marcar realmente o nosso dia”. “Iremos ser recebidos pela presidente e pelo vice-presidente da Câmara e levaremos um ou dois pares da Dança da Morgadinha só para marcar o momento sem grande envolvência e com a tentativa de termos um número restrito de pessoas para cumprirmos todas as normas impostas pela Covid-19”, garante a presidente da Associação de Teivas.
O carro alegórico será dedicado ao tema deste ano da cidade viseense, o da Cidade-Jardim. Por enquanto, Alexandra Sá não quis revelar detalhes sobre o veículo, dizendo que será “uma surpresa”. “Os curiosos devem deslocar-se ao Rossio no domingo e poderão apreciar a nossa obra e todo o trabalho feito pela nossa associação”, assegura apenas.
“A dança vai na nossa alma”
Apesar da reduzida dimensão da festa este ano, as memórias das Cavalhadas continuam vivas e de boa saúde.
Nélida Rodrigues é uma das mulheres de Teivas que, ano após ano, continua a dançar a Dança da Morgadinha. Esta mulher diz que sente pena que as Cavalhadas não tenham este ano uma maior celebração, mas também assegura que a tradicional dança corre sempre nas veias.
“É claro que a gente gostava de levar um desfile muito maior, mas é sempre um gosto representar a nossa dança. A gente sempre dança no coração. Ela vai na nossa alma e quem é filho da terra sente isso. É mesmo de coração quando nós participamos nas Cavalhadas e na Dança da Morgadinha”, afirma ao Jornal do Centro.
Nélida Rodrigues conta que o “amor” pelas Cavalhadas se gera “através da família e dos nossos antepassados”. “Os meus avós sempre trabalharam para as Cavalhadas e o meu par da Dança é a minha mãe. Os filhos vão atrás”, diz.
Segundo esta dançarina, as horas não se costumam contar nos últimos dias antes da saída para Viseu. “Nestes dias, não temos horários. É sempre trabalhar até de madrugada, são longas noites mesmo”, recorda.
O simbolismo é forte em Teivas. Nélida Rodrigues recorda uma tradição que acontece quando o último carro alegórico regressa à aldeia. “Quando chega o último carro, seja a que hora for de madrugada, vamos sempre à capela tocar o sino”, conta.
A ajudar a construir o único carro alegórico vindo de Teivas, está Armando Cardoso. Este homem admite que estas Cavalhadas mais reduzidas não possuem a mesma competitividade dos últimos anos e espera que a pandemia saia de vez para que a festa volte no seu pleno. “Temos de aguardar que isto passe e que, para o ano, possamos voltar em força”, diz esperançado.
Armando Cardoso afirma que, para as Cavalhadas, existe sempre um “bichinho entre nós” que faz com que as pessoas participem com naturalidade na festa. Não deixa de lamentar a perda que a Covid-19 provocou.
“Entristece-nos um pouco a mim e aos nossos colegas porque andámos a fazer os carros e, este ano e no ano passado, estamos um pouco tristes mas não podemos fazer nada. Pode ser que, para o ano, seja melhor e diferente para todos nós”, refere.
Apesar de toda a tristeza, há também esperança sobretudo por causa das novas gerações. Armando Cardoso acredita que os mais jovens poderão dar continuidade à tradição.
“Com o passar dos anos, queremos malta mais nova a ajudar e acho que isto tem pernas a andar. Vão aparecer e acho que vamos ter no futuro. Já temos dois, três colegas nossos que estão entusiasmados e gostam de andar aqui”, conclui.
No ano passado, a Associação de Teivas entrou no livro dos recordes do Guinness, com o maior vestido do mundo, que tem uma altura de oito metros e um centímetro. O vestido foi apresentado a 21 de setembro, dia do feriado municipal em Viseu.