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Um dos aspetos mais fascinantes da arte e da cultura é a capacidade de nos sobressaltar, por vezes de forma muito subtil. Não se trata de grandes abanões, já ninguém espera que a arte e a cultura resolvam por si só os problemas do mundo, mas apenas lançar-nos pequenas dúvidas, qualquer coisa que por momentos nos deixe suspensos e recetivos a uma interrogação.
Senti isso mesmo, há uns dias, quando entrei no Fórum Viseu e vi a exposição de fotografia de John Gallo, e hoje fico satisfeito por ver que é tema no Ípsilon do Jornal Público. O que chamou a minha atenção naquela exposição não foi propriamente o seu tema, embora seja muito importante – “O Portugal que nunca pára – Olhar Viseu em tempos de pandemia” – «retratos de cidadãos que representam aqueles que, por todos, nunca pararam, ou foram obrigados a suspender a sua atividade. Representam a cidade de Viseu, mas também um Portugal inteiro.»
Foram mesmo as imagens em si, a forma como estão construídas, como as figuras se fundem com os ambientes, o exercício de rigor austero sobre a sua tonalidade, de tal forma que cada imagem parece a continuação da anterior. Vivemos num mundo repleto de imagens fotográficas, cada uma a tentar falar mais alto que a outra, o que se explica também pela facilidade com que se acede a ferramentas digitais e filtros variados. A sobriedade e contensão destas fotografias de John Gallo provocou-me um sobressalto subtil, deixou-me silencioso a tentar perceber o seu alcance, demonstra uma sensibilidade e um domínio técnico muito especiais.
A Brotéria (www.broteria.org), originalmente a revista dos Jesuítas portugueses (publicada desde 1902), é atualmente uma casa de arte e cultura, no Chiado em Lisboa, com programação própria para além da revista. Iniciou a sua atividade neste novo formato, muito recentemente, mas já constitui uma referência especial para se avaliar a importância da curadoria e da atividade de mediação cultural. Através de uma programação inteligente tem vindo a construir uma narrativa que dá sentidos e lança pistas, congregando obras de diversos autores em projetos de comunicação comuns. Seguem-se dois exemplos. (1) “O outro como epifania do belo” – obras de seis autores, uma «resposta à convocação do tema da hospitalidade como desígnio para uma cultura do outro. Partindo da sensibilidade ao espaço público, o tema da exposição faz eco das práticas herdadas dos autores que instigaram a subversão da obra de arte, arriscando-a como ferramenta de partilha comunitária sem deixar de ser um veículo de intimidade.» (2) “Uma mística da fragilidade” – quatro fotógrafos refletem «sobre o momento global que atravessamos e no qual passámos a lidar quotidianamente com as dinâmicas do medo e da incerteza. A convivência com uma ameaça invisível, a demonstração da instabilidade dos sistemas e as alterações à forma como nos relacionamos voltaram a expor a vulnerabilidade da condição humana.» Esta exposição pode ser vista online.
Deixemo-nos incomodar por estes sobressaltos subtis.
por
Filipe André
por
Fernando Marques Pereira
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Joaquim Alexandre Rodrigues
por
Vítor Santos
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Filipe André
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Fernando Marques Pereira
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Joaquim Alexandre Rodrigues
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Vítor Santos
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Filipe André
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Fernando Marques Pereira