No terceiro episódio do programa “Bem-Vindo a”, tivemos o prazer de conversar…
São mais de 100 presépios, de diferentes tamanhos e construídos ao longo…
por
Teresa Machado
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Isalita Pereira
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Joaquim Alexandre Rodrigues
O que escrevo não é nenhuma iluminação da minha mente. É profundamente devedor de outras análises de variados jornalistas, documentaristas e investigadores sociais. Dessas leituras da imensa confusão de informação, constato o óbvio: é fácil cair no lugar-comum e cair na enxurrada do pensamento dos Acorda, Portugal ou Acorda, Mundo… Torna-se é difícil de perceber se estamos a dormir ou se nos querem adormecer. Falo sobretudo das patetices dos antivacinas, dos terras planas, dos anti 5G e da extrema direita xenófoba. São tudo lados da mesma realidade… Chegam mesmo a fazer manifestações conjuntas numa espécie de esquizofrenia desenfreada: ativistas anti-imigração homofóbicos de braço dado com ativistas ambientais contra o 5G e as vacinas… é tão surreal como imaginar um caso de amor entre Hitler e Marx.
Se esticarmos a corda à procura da génese destas correntes, verificamos que muitas destas ideias nascem de uma nova guerra fria que é a antiga. O bloco Rússia/China tem sido apontado como tendo ligações às demonstradas manipulações da eleição de Trump e do Brexit. É quase como se, de repente, as conhecidas estratégias do Ocidente para a manipulação dos governos nos países de África, América Latina e Médio Oriente estivessem a ser usadas contra os feiticeiros americanos e europeus. A lógica é simples: envenena-se o pensamento das oposições, gera-se descontentamento e produz-se instabilidade política. Em seguida, colhem-se os dividendos, subtraindo riquezas e aumentando lucros. Dividir para reinar, claro.
Um país onde o poder é difuso torna-se incapaz de fazer cumprir leis e de instaurar Estados de Direito. Habituámo-nos a ver invasões no Iraque com lucros americanos e europeus; guerras incessantes no Médio Oriente e em África; golpes de estado na América Latina. O método é antigo e conhecido. Só não o conhece quem nunca leu História. No caso, as potências económicas fora da NATO também sabem jogar este jogo. Só que perderam o medo de aplicar a mesma estratégia aos seus adversários diretos. As redes sociais abriram a porta a essa manipulação. O algoritmo faz o resto.
No fundo, lança-se um boato e promove-se junto de algumas mentes pouco instruídas que nunca tinham pensado nisso. Em seguida, basta que alguns influencers ou figuras públicas o comecem a espalhar, nem que seja ironicamente, e torna-se viral. A partir daí, ao pesquisarmos a mesma coisa algumas vezes, a rede mostra-nos aquilo que queremos ver e já está. Hordas de carneiros aos gritos para que os outros se juntem ao rebanho, “acordando”…
Estamos mergulhados numa rede de ligações capitalistas cuja única razão de ser assenta na supremacia económica. Toda a gente acha normal ser tratada como consumidora; toda a gente acha normal que a economia obrigue a um crescimento. Se isto é normal, é óbvio que é normal que se gerem competições e guerras internas. É obviamente normal que a China tente dominar a instalação das redes de 5G. É óbvio que a Rússia tente controlar o domínio dos recursos fósseis. É óbvio que é mais fácil ter supremacia sobre adversários divididos.
O que não é normal é a premissa. Não somos consumidores: somos parte do ecossistema global. Somos parte de um planeta limitado que não se expande, só porque o mercado cresceu… As vacinas são essenciais. A comunicação é essencial. A Terra não é plana. Não há humanos melhores que outros. Sim, estamos acordados e mais acordados ficaremos se levantarmos os olhos do ecrã e falarmos mais com quem temos ao lado. Ficaremos mais acordados se virmos a Terra a rodar e a queixar-se da nossa estupidez. Nessa altura, poderemos gerar melhores líderes, menos economicistas e mais humanistas.
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Teresa Machado
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Isalita Pereira
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Joaquim Alexandre Rodrigues
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Jorge Marques
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Vitor Santos