No terceiro episódio do programa “Bem-Vindo a”, tivemos o prazer de conversar…
São mais de 100 presépios, de diferentes tamanhos e construídos ao longo…
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Teresa Machado
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Joaquim Alexandre Rodrigues
Uma amiga ofereceu-me recentemente um livro – Apeirogon, viagens infinitas – de Colum McCann, que se transformou (para mim) rapidamente numa fonte inesgotável de informação e conhecimento, sobretudo na forma que mais aprecio, que é aquela que possibilita ligar ou relacionar assuntos diferentes, dando-nos uma perspetiva alternativa da realidade.
Ainda não acabei de o ler, mas posso descrever sucintamente o seu motor criativo. A ação situa-se em Israel e na Palestina, e conta a história verídica de dois homens que se conheceram – um israelita e um palestiniano – em circunstâncias particularmente trágicas. Ambos perderam as suas filhas nos conflitos armados, uma morta por soldados israelitas, outra por um rebentamento de uma bomba palestiniana, e aquelas tragédias acabaram por os unir na dor, começando a organizar sessões, juntos, para contar as suas histórias tristes para audiências, sobretudo jovens, com o objetivo de defender a paz.
A situação no médio oriente sempre me causou confusão, geralmente notícias de telejornal que não se compreendem por falta de conhecimento histórico, mas ao começar a ler o livro senti-me repentinamente, quase fisicamente, a viver aquela situação caótica. Apeirogon é um polígono com um número infinito de lados. Mas também podemos pensar num segmento de reta dividido infinitamente em partes iguais. Colum McCann fala também muito de pássaros, pois parece que aquela zona do globo é um corredor de passagem para milhares de aves de todo o mundo. Para se ir de um local a outro, em Gaza, tem de se transpor tantas fronteiras, que uma viagem de meia hora, entre dois locais, pode demorar diversas horas. Enfim…viagens infinitas.
Mas aqueles dois homens acreditaram no poder transformativo das suas histórias. Colum McCann também, e lançou a plataforma “narrative 4” cuja missão é partilhar histórias, através de storytelling, sobretudo aos jovens em contextos educativos. Conhecer as histórias dos outros, para nos podermos colocar na sua situação, e assim aprender. “Esperança destemida através da empatia radical”, é o seu lema. Vi uma entrevista recente ao autor, no programa “Todas as palavras”, e ele acredita que eventualmente serão as gerações mais jovens a tornar possível a mudança naquela parte do mundo.
Na nossa civilização contemporânea, o storytelling é o media que aglutina todos os outros medias. Já não conhecemos praticamente nada, sem uma história associada. Esquecendo por agora aqueles que se dedicam a contar histórias falsas, o storytelling é a versão atual da tradição oral, que nasceu antes da escrita. Ou seja, muita da nossa coesão social vem das histórias que fomos ouvindo ao longo dos tempos. Uma boa história tem o poder de mudar completamente o sentido de um acontecimento. O fotojornalista Gonçalo Delgado ganhou o prémio Estação Imagem 2021 (Coimbra) com uma reportagem no Hospital de Braga, confrontando as unidades de cuidados intensivos e as de obstetrícia, a querer dizer que no meio da pandemia ainda há lugar para a esperança destemida.
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Teresa Machado
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