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João Alves Trindade, Silvina Trindade e Claudino Lopes Ribeiro – eis os nomes do crime da Poça das Feiticeira. Mudamos o pano de fundo e recuamos até à madrugada de 17 de julho de 1925. O ar é rapidamente esfriado pelo cenário que estamos prestes a encarar. João Alves Trindade aparece morto a boiar na Poça das Feiticeiras, na Quinta de São Caetano, em Ranhados. Um incidente tão provável como improvável dentro da alta sociedade viseense. Quem terá sido o autor do crime? Uma pergunta que ganha algumas respostas no livro “O Crime da Poça das Feiticeiras”, de Paulo Bruno Alves, docente na Escola Superior de Educação de Viseu.
A primeira edição já saiu em 2012. Quase dez anos depois, o livro vai ser reeditado e vai lançar-se uma segunda edição. Ao Jornal do Centro, Paulo Bruno Alves adiantou que navegou por uma narrativa paralela entre o passado e os factos reais e o tempo atual que nos faz viajar pela parte ficcional da história. Em 2021, “um certo Gabriel Malafaia que é inspetor da Polícia Judiciária do Porto recebe em herança uma caixa do avô com pistas do crime que ele andava a investigar, que o vão ajudar a descobrir a história por detrás do crime”. Além disso, “é um livro que envolve muitos nomes, mas depois que a dada altura as pessoas conseguem perceber os que realmente interessam são uma dúzia deles”, acrescentou.
João Alves Trindade era conhecido como o ‘africanista’ por ter feito uma grande fortuna em África. Mas e os culpados? A filha da vítima, Silvina Trindade, juntamente com o marido, Claudino Lopes Ribeiro, acabaram por ser levados para interrogatório no dia seguinte ao crime. “Acabaram sempre por dizer que não eram eles os culpados e que outros podiam estar nessa linha. A verdade é que eles acabaram por ser condenados num processo que judicialmente nunca se virou a favor deles, muito pelo contrário”, contou, reconhecendo que “a verdade é que ao fim de tantos anos, o caso ainda suscita algumas dúvidas, sobretudo porque em Ranhados há ainda quem conheça bem de perto essa história”.
Na opinião do autor, o crime terá ocorrido no exterior do Solar da Quinta de São Caetano. “A diferença é que a defesa de Claudino e da filha Silvina dizia que o crime tinha acontecido fora do Solar e a acusação dizia que tinha sido no interior. Esta última tese acabou por vingar e eles foram levados para a prisão de Viseu, e depois transferidos para Lisboa”.
Já na capital de Portugal, Claudino acabou por morrer na prisão do Limoeiro e Silvina também morreu em Lisboa, mas já em liberdade. “A imprensa dos anos 20/30 acompanhou isto de forma muito emocionante porque estávamos a viver um período do jornalismo ainda muito de ambiente fervoroso”, assinalou o autor.
Hoje em dia, as teorias são muitas: “Ainda acham que o crime foi cometido pela Silvina e pelo Claudino e outras pessoas dizem que foi montada um esquema para que outros recebessem a fortuna. Estamos a falar de uma altura, em que este João Alves Trindade tinha centenas de contos”. Sem herdeiros, a não ser Silvina, a tortura seria automaticamente para a filha. “Mas, a questão é que o João Alves Trindade tinha dois irmãos que, nessa altura, estavam atolados em dívidas e a fortuna dava-lhe muito jeito”, sugeriu.
É uma história verídica que deixou marcas desvanecidas na história. Duas pessoas foram condenadas, mas serão as certas? Uma resposta que fica ao critério de quem lê o livro. A segunda edição está próxima de sair.