Diogo Chiquelho (PAN): Animalista, ambientalista e o candidato mais jovem à Câmara de Viseu
Começo pela questão da idade. Atemoriza-o ou encoraja-o ser o mais novo dos candidatos à presidência da Câmara de Viseu?
Acima de tudo motiva-me. A mim e espero que também aos jovens. É um orgulho ter a confiança de um partido como o PAN numa candidatura destas. É um partido que aposta nos jovens. Não tenho qualquer tipo de receio de enfrentar aqueles que se dizem experientes. A experiência na nossa história levou a ter políticos julgados em Tribunal por corrupção. Não me atemoriza nada, pelo contrário motiva-me. Zero de receios, zero de ansiedade. Estou preparado para o que aí vem.
Vai estar diante de pessoas mais experientes tanto na política como no associativismo…
Sabemos que a experiência é um fator a ter em conta e eu reconheço que não tenho a que outros candidatos têm. Contudo sei que tenho de colmatar isso com o triplo do trabalho, do estudo e com uma equipa que está na retaguarda. É preciso saber ouvir, sem nunca perder o sentido crítico que me foi incutido na minha educação.
Porque é que decidiu avançar à presidência da Câmara?
A proposta do PAN foi vanguardista. A Comissão Política Distrital fez-me o convite e a forma como me abordaram foi bastante aliciante. Imediatamente tiveram a aprovação da COmissão Política Nacional. Esta confiança foi motivante. E, depois, ter um projeto inovador que mais nenhum partido apresentou. O PAN faz isso quando sente que há uma lacuna que tem de ser colmatada. Do ponto de vista ambiental, social, económico, animal, sentimos que temos uma proposta que mais ninguém tem. Por isso avançámos. Sabendo bem do risco que é, na opinião pública, apresentar um jovem para levar avante uma proposta inovadora.
De 0 a 5 como avalia a política ambiental levada a cabo pelos executivos municipais dos últimos anos? E o que mudava?
Daria um 2,5. Acho que a Câmara de Viseu tem muito para dar. Obviamente a política antiga de tentar afastar indústrias, designadamente aquelas que se considera mais pesadas, do concelho é favorável. Mas há lacunas que têm de ser colmatadas. Não podemos estar perante uma cidade que se afirma jardim quando se usa químicos no tratamentos dos nossos espaços verdes. Não basta ter um jardim: é preciso que seja saudável e sadio tanto para pessoas, como para animais. Estamos a menos de dez anos de um ponto de não retorno climático. Termos um município que está na vanguarda das políticas ambientais seria uma mais valia. A ser eleito, uma das primeiras medidas seria o abandono de químicos como o glifosato no tratamento dos nossos espaços verdes. Também optava por formar e capacitar os funcionários camarários para estarem mais aptos a servir a população e reinvestir numa replantação da nossa floresta, um levantamento do ordenamento do território para um emprego de espécies autóctones naquilo que é a gestão da nossa floresta, para evitar incêndios florestais.
No caso da política animal, pedia-lhe a mesma avaliação (de 0 a 5) e o que alterava…
Tem sido uma bandeira infeliz do município. Daria 1 ou 2. A parceria que a Câmara tem com uma associação privada é antiga e altamente lacunosa que não funciona de uma forma, no mínimo, transparente. Quando há uma parceria com particulares importa sempre essa transparência. O PAN não tem nenhum preconceito com particulares, até pelo contrário. Contudo queremos que funcione de forma transparente. O PAN ao longo dos anos tem pedido à Câmara os números de animais recolhidos, adotados e não nos tem dado esses dados. O que tem sido feito é injetar dinheiro nessas parcerias. Fez-se bem avançar para um Centro de Recolha de animais, contudo há que dar um passo à frente. É preciso criar um Hospital Veterinário municipal para que os custos que são precisos para ter um animal não seja um efeito dissuasor para não o adotar.
Que opinião tem do Viseu Cultura?
Foi sem dúvida uma bandeira muito bem conseguida pelo executivo camarário. Foi uma aposta forte que permitiu a muitos grupos crescer. O PAN não está só para criticar. Quando é bem feito é para enaltecer. Contudo está na altura de dar-se um passo adiante. Permitir que esses grupos atuem fora do concelho. Devem abandonar-se práticas antigas como permitir o uso de animais em espetáculos públicos. Por exemplo, não permitir que, em Viseu, atuem circos que tenham animais.
Essa proibição de animais que defende vai aplicar-se a um cortejo tipo Cavalhadas?
O PAN considera que, tendo em conta que se trata de exploração animal, sim, deve abandonar-se. Contudo sabemos a tradição que isso implica. No mínimo que os animais que estejam nesse evento sejam o menos explorados possível. Que não sejam mal tratados.
A mensagem do PAN é associada ao meio urbano. Este concelho é maioritariamente rural. Como é que vai procurar passar a mensagem?
Sabemos muito bem que quando deslocamos a mensagem do PAN ao interior há sempre alguma relutância em receber as propostas. Não gosto muito da designação de urbana quando nos referimos à proposta do PAN. Até porque as nossas propostas vão também ao encontro do meio rural. A nossa mensagem tem de ser passada com calma e com consideração. Não nos podemos agarrar a fundamentalismos e a radicalismos. Temos de respeitar períodos de transição e perceber que o ser humano não funciona com medidas tomadas de um dia para o outro.
Qual é o objetivo eleitoral?
Eleger pelo menos uma deputada à Assembleia Municipal, a Carolina Almeida. Já encabeçou nas últimas autárquicas uma candidatura. Ficámos muito perto de eleger uma deputada. Sabemos que o panorama eleitoral é completamente diferente daquilo que era nas últimas eleições. Há mais partidos, propostas.
E isso é positivo?
É sempre bom quando a Democracia se abre a mais propostas. Há que saber combater aquilo que são partidos que propõem, por vezes expressamente, acabar com essa Democracia que os elegeu.
O PAN é de Esquerda ou de Direita?
Já fugimos desse espectro. O partido foi assim criado e identifico-me com isso.
Mas e o Diogo? Ideologicamente é mais de Esquerda ou de Direita?
Também não consigo dizer. Do ponto de vista social procurarei estar sempre mais perto das pessoas.
Isso é ser de esquerda?
Isso cabe às pessoas dizer. Contudo também não temos preconceitos com particulares, como tem alguma Esquerda.