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Não fui nem sou apologista de uma defesa do feminismo nos seus moldes tradicionais do modelo ideologicamente pensado. Sempre acreditei que a igualdade se poderia alcançar com todos, onde todos ganham, sem fretes nem cedências. Contam apenas as pessoas de mérito e competência.
Isto deve acontecer tanto na área política como na área empresarial. Contudo, os últimos resultados autárquicos vieram demonstrar que mesmo com a lei das quotas imposta desde 2006, houve uma quebra de mulheres autarcas em relação a 2017 (são apenas 9%). Deve-se refletir sobre a vida pública e a sociedade que somos em 2021. Coloca-se primeiramente uma questão: que eficácia tem a lei que exige 40% em lugares elegíveis, mas com quebra de representação e poder político para esta minoria. Há um desfasamento claro entre a lei e o campo prático da sua aplicação. Para que serve a legislação se não produz os resultados para que foi elaborada?
A lei só por si não resolve nada se os partidos não assumirem a responsabilidade de ter quadros políticos, escolhas autárquicas e líderes de comunidade do género feminino. Não se quer afastar o mérito de quem ganhou, ou defender uma logica ridícula e ultrapassada de “nós vs. eles”, mas sim apostar em escolhas mais inclusivas, feitas de forma tão séria e calculada como todas as outras feitas até aqui. Podemos ainda comparar os comentadores políticos homens e as comentadoras políticas mulheres em Portugal na comunicação social. A diferença de números é latente igualmente nas pessoas que escrevem para jornais locais, independentemente de escreverem sobre política, desporto, cultura, indústria, empresas, saúde ou novas tecnologias. Não faltam mulheres com competência para liderar e ser exemplo em todos estes campos, com projeção local ou nacional. Precisam apenas de serem vistas.
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