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“Queremos as urgências”, “o povo unido jamais será vencido” são algumas das palavras que ouvimos ao chegar ao centro de saúde de Nelas. Pela voz de António Minhoto, do Movimento Cívico de Nelas, ouvimos “vai-se para Viseu e estamos lá horas” e a população respondeu quase que em coro: “ou dias”. Na verdade, os aplausos acompanhavam-lhe o discurso.
Esta quinta-feira (21 de outubro), cerca de uma centena de utentes concentraram-se junto ao centro de saúde de Nelas para exigir a reabertura das urgências e dos postos médicos de Carvalhal Redondo e Santar e uma maior celeridade nas consultas.
Aos jornalistas, o porta-voz do Movimento Cívico do concelho, António Minhoto, disse que a pandemia não pode continuar a ser a justificação para o encerramento dos serviços e que os utentes estiveram calados até agora porque perceberam a situação que se vivia devido à Covid-19.
No entanto, consideram que as condições atuais já não justificam que se mantenham as urgências fechadas (das 20:00 às 24:00), que as consultas continuem “a funcionar muito lentamente, com deficiência”, e que não sejam passadas atempadamente as receitas médicas.
“Viseu não pode ser entupido com pequenas situações”, frisou António Minhoto, aludindo ao facto de o concelho não ter serviço de urgências.
António Minhoto lamentou que os bombeiros tenham de andar constantemente “numa grande azáfama” entre Viseu e Nelas a transportar doentes.
“Ainda esta semana, um jovem estava aqui para ser atendido, caiu, desmaiou, teve que ir para Viseu de ambulância”, contou.
O porta-voz do movimento disse ainda que é preciso reabrir os postos de Santar e Carvalhal Redondo, lembrando que, para que se consiga a tão falada fixação de população no interior do país, “tem de haver direitos, tem de haver serviços”.
No meio da concentração, conversámos com Aida Teixeira, de 78 anos, uma das utentes que hoje se manifestou em frente ao centro de saúde, por considerar que nunca foi tão mal atendida como em Nelas.
A mulher, que vive há dois anos em Nelas e que tem um marido que é doente oncológico, contou aos jornalistas que as funcionárias lhe dizem: “se é urgente, vá ao médico particular”.
“Viemos para aqui, pensámos que as condições eram melhores, mas as condições aqui são muito, muito, más. Sábado ou domingo, se uma pessoa estiver para morrer, morre”, lamentou.
Também Alzira Marques, de 72 anos, que é diabética, disse que esteve meio ano sem ter consulta e acabou por pagar para um médico a ir atender a casa.
“A minha filha que está no estrangeiro foi obrigada a ligar aqui para o centro de saúde e disse que os ia processar, porque a mãe é uma doente de risco”, referiu.