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Por que estou aqui? Por que estudo filosofia? Que faço sozinho neste quarto, longe dos amigos, da família, com a saudade a remoer-me o pensamento? Por que é necessário gastar uns dezassete anos a acumular saber, geralmente estéril, seco, balofo? E, como pano de fundo a este desperdício, as dores de cabeça, os suores, o nervosismo, as horas perdidas a desbravar as entranhas dos compêndios. Porquê? Por que não a aprendizagem de coisas vivas, com cor e odor fortes, num diálogo aberto e plural? Não sei, talvez a velha tendência humana de complicar tudo.
Tenho refletido longamente sobre isto. Verifico que poderia ter optado pelo Magistério primário. Ao fim de três anos, com o diploma final, poderia assumir o trabalho letivo numa das aldeias do distrito de Viseu. É minha convicção que deve ser uma tarefa muito interessante ensinar as primeiras letras, as primeiras contas, as primeiras ideias de História de Portugal. Mas, e não me lembro bem por que motivo, optei pela faculdade, talvez pelo amor à filosofia, talvez pelo estatuto universitário. E agora? É de aguentar.
As férias da Páscoa terminaram. Férias boas, feitas de camaradagem, canções, teatro. Em Santa Ovaia, há o costume antigo da visita pascal. Atrás do padre, que percorre as casas da freguesia, junta-se um grupo de pessoas, geralmente jovem, que entoa as canções da quadra, enquanto se come e bebe um pouco de casa em casa. O ambiente é festivo, bem-disposto, divertido.
Festivo foi também o meu encontro com ela. Por uns dias, o corpo andou à solta, sem o peso metafísico da alma. Durante o dia, o convívio era entre todos. De noite, inventávamos pretextos para estarmos os dois. E se a aldeia, sob a luz do sol, é estreita e exposta à visibilidade, à noite é um baú de recantos secretos. Apreciávamos descobrir um diferente, de cada vez. Fazia parte do jogo de sedução. Talvez fosse mesmo o mais excitante. Porque o resto resumia-se sempre ao mesmo contacto superficial, sem fundura em algo que penetrasse para além da pele. Mas era melhor que nada. Com os outros bastava o resto do dia.
Os meus pais foram de novo para Jersey. Estou sozinho. Tenho que me bastar a mim próprio. Amigos? Apenas uns conhecidos, entre os colegas, com quem troco meia dúzia de impressões. Raparigas? Algumas colegas. E nada mais.
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Joaquim Alexandre Rodrigues
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