No terceiro episódio do programa “Bem-Vindo a”, tivemos o prazer de conversar…
São mais de 100 presépios, de diferentes tamanhos e construídos ao longo…
por
Teresa Machado
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Isalita Pereira
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Joaquim Alexandre Rodrigues
E tudo o vento não levou. Ou quase. Os anos passam, os dias fogem, não sei agarrá-los, colar-me a eles, espremê-los. Não quero armar em vítima, mas ando confuso, inseguro. Tive uma educação que talvez me tenha bloqueado a espontaneidade. Penso demais, analiso em excesso.
Passei por um período relativamente calmo: encontrei-me com uma moça durante uns quinze dias, curtimos, e senti-me menos neurótico. Mas tudo passa tão velozmente. Gostaria de cristalizar determinados momentos, transfigurá-los em atos de arte. Porque não é isto que apenas quero: curtir por desfastio. Não. Quero o amor. Quero a partilha de ideias, de sonhos, de viagens, de emoções. Não sei o que ela queria. Falávamos como se estivéssemos calados, porque a conversa não atingia o âmago das coisas, o centro de nós mesmos. Tínhamos o corpo, apurados os sentidos, o gozo sensual. Mas, ai de mim! Que me lembrava da plenitude que comungava com a Fátima, do modo como o entendimento se tecia entre nós, uma frase bastava e algo em nós de imediato ressoava por entre as mãos, no olhar, na cumplicidade do sorriso.
Não quero ser mau. Nem desvalorizar o sentimento desta moça que tudo fez, do que sabia, para sintonizar comigo. Talvez gostasse mesmo de mim, talvez se sentisse atraída por uma certa reserva que eu punha nas palavras, nos gestos. O mistério é quase sempre fascinante. Não sei. Mas ela vinha ao meu encontro com alegria. Ao despedir-se, o mesmo sentimento já não a acompanhava. Era superior a mim a brusquidão que por vezes se me irrompia. Mas algo de indefinível não batia certo, não acontecia o milagre do instante em que a eternidade se vem sentar ao nosso colo. Então, o que é que eu estava ali a fazer?
Às vezes, penso que fiquei marcado para a frustração depois do namoro com a Fátima. Porque foi mais que namoro, foi um casamento de espíritos.
Mas tudo passou. Os meus pais estiveram mais meio ano em Jersey. Fiz o primeiro ano de filosofia. Andei por aí no verão, ainda que circunscrito a esta zona habitual de Canas, Viseu e Tondela. Sonhei, conversei, gozei e desesperei.
Gostaria de manter mais regular o diário. Mas até da poesia tenho andado arredado. Em compensação, leio bastante, estudo, elaboro ideias mais precisas sobre vários assuntos. Não sei bem da utilidade de tudo isto, mas talvez me vá situando melhor, mais lucidamente, nesta engrenagem social.
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Teresa Machado
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Isalita Pereira
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