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Vitor Santos
Sabemos que, anualmente, são diagnosticados cerca de 50 mil novos casos de cancro em Portugal.
A previsão da evolução da incidência de cancro em Portugal para o período de 2015 a 2035 é de 3% para o diagnóstico de novos casos por ano.
Perante esta realidade, é sempre importante abordar este tema, e reforçar a pertinência de assinalar o dia 4 de fevereiro, dedicado à luta contra o cancro.
O êxito dos tratamentos do cancro e cuidados de apoio, assim como aos avanços na deteção precoce, tem levado ao prolongamento da sobrevivência e ao aumento da taxa de cura desta doença. Estima-se que, em Portugal, cerca de 155 mil pessoas vivam com cancro diagnosticado, há mais de cinco anos, e, na Europa, é estimado ser superior a 12 milhões.
A Comissão Europeia, preocupada com estes dados, editou no ano passado, o Plano Europeu de Luta contra o Cancro, abordando todo o percurso da doença, da prevenção à qualidade de vida dos doentes e sobreviventes do cancro. Este plano assenta em quatro pilares: na prevenção, deteção precoce, diagnóstico e tratamento, e na melhoria da qualidade de vida dos doentes e sobreviventes, nomeadamente, no que respeita à readaptação, potencial recorrência de tumores, doenças metastáticas, medidas de apoio à integração social e à reintegração no local de trabalho.
Hoje foquemos no último pilar: a melhoria da qualidade de vida dos doentes e sobreviventes.
Com o avanço e melhoria na deteção e tratamento precoces do cancro, muitas pessoas ficam curadas. Contudo, depois de tratar o cancro, é importante manter um acompanhamento médico de proximidade e fazer avaliações gerais periódicas do estado de saúde.
Apesar de não se aplicar a todos os tipos de cancro, a maior parte apresenta um padrão de recidiva previsível (quando a doença aparece novamente), o que permite aos médicos, através dos exames, executar uma deteção rápida, caso esta ocorra.
Os tratamentos efetuados para debelar a doença, apesar da evolução tecnológica e científica nesta área, podem induzir efeitos secundários que, por vezes, se manifestam meses ou anos mais tarde.
Deste modo, devem ser procurados pelo médico mas também o doente, conhecendo-se bem, deve falar sobre qualquer alteração de vida ou sintoma que note, numa comunicação aberta acerca das suas preocupações e sobre o que sente.
Manter-se tão bem quanto possível, física e psicologicamente, é o objetivo central.
Viver com cancro é estar suficientemente bem para aproveitar os relacionamentos, as atividades e o tempo com a família e amigos, tirando partido das oportunidades que a vida lhe dá.
Nos doentes em que a doença tenha sido diagnosticada numa fase avançada ou metastizada, os tratamentos a oferecer devem ser bem avaliados e balanceados, para se obter um equilíbrio entre eficácia e qualidade de vida que se obtém. Nas situações em que a doença já não poderá ser controlada, a qualidade de vida assume um papel ainda mais importante.
As questões relacionadas com os sintomas físicos, a angústia e a gestão da doença pela família são extremamente importantes, nesta fase. Muitas vezes os doentes beneficiam do apoio de cuidados paliativos, ou de uma equipa que ajuda a coordenar os melhores cuidados, quer seja em casa, no hospital, ou numa unidade de cuidados paliativos.
O oncologista e a larga equipa multidisciplinar estão preparados para ajudar os doentes a estarem bem com a doença e com os problemas que por ela tenham surgido, melhorando a sua qualidade de vida.
Termino referenciando um sentimento que alguns doentes me transmitem: “O cancro ensinou-me a viver. Dou valor a pormenores da vida que antes me escapavam”.
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Joaquim Alexandre Rodrigues
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José Carreira
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Alfredo Simões