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Curiosa e frustrante a relação com o …. Passa por ser meu amigo. Mas não sei exatamente o que ele vê e espera de mim. As suas visitas explicar-se-ão apenas porque sou um dos poucos conhecidos que lhe dá atenção e o escuta? Evito prender em definições seja o que for, pois são quase sempre redutoras, especialmente tratando-se de algo tão insondável como a psicologia humana. Mas parece-me que ele se ressente um tanto da minha formação universitária. Sempre que exponho um ponto de vista marginal ao senso comum, fecha-se, enerva-se, ataca-me por vezes. Assim não é fácil manter uma relação: temos que nos encolher a um canto, pesando cuidadosamente cada palavra para evitar suscetibilidades. A franqueza desaparece em confronto com uma desconfiança sempre latente. Considerando estes pressupostos, decidi superficializar as nossas relações. Podemos ir a uma festa, beber uns copos, tagarelar sobre futilidades, e é quanto basta. Até porque quanto menos se esperar das coisas ou das pessoas menor é a insatisfação.
O ponto da situação: o meu pai está desempregado; vai equilibrando o orçamento familiar com a venda dos quadros a óleo (cuja arte aprendeu como autodidata em África) e o subsídio. O … anda por esta altura por terras de Espanha; a minha prima está a fazer de enfermeira junto da mãe operada há pouco; a … continua com a família no Algarve; o … impacienta-se nestes seus últimos meses de tropa; a Élia prepara-se para ir em passeio à Madeira. E eu empanturro-me de férias, sem saber bem que fazer de tanta liberdade. Projetos não me faltam, mas dificuldades monetárias tolhem-me os movimentos. Entretanto, não descuro a leitura, a música e o atletismo. Mas por vezes arrelia-me deveras não sair mais vezes. Mas, pergunto-me, sair para onde? Tondela enfastia-me, em Viseu conheço pouca gente, e na aldeia não está ninguém. Hoje, por exemplo, decidi ir de tarde a Viseu. Ir por ir, gratuitamente. Mas depois de estar mais de uma hora à boleia, em vão, desisti e entrei num café em Tondela. Aí encontrei um moço, amigo de conversar sobre tudo, mas eu escutava-o sem prestar atenção, sem uma ideia, e as poucas palavras que pronunciava eram frouxas, desinteressadas. É constrangedor a frequência com que me distraio, me esqueço do sentido das palavras do meu interlocutor e fico, de olhar abstrato, calado e como que fora deste mundo. Preciso de algum esforço para descer do alto do vazio e prestar de novo um pouco de atenção.
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Joaquim Alexandre Rodrigues
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Alfredo Simões