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06.04.22
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Dia Internacional do Desporto ao Serviço do Desenvolvimento e da Paz celebra-se a 6 de abril
A Assembleia-Geral da ONU festeja o Dia Internacional do Desporto ao Serviço do Desenvolvimento e da Paz todos os anos. A data foi instituída pela ONU em agosto de 2013. Foi escolhido o dia 6 de abril já que foi neste dia se iniciou a primeira edição dos Jogos Olímpicos da era moderna, em Atenas, em 1896. Em 2014 celebrou-se pela primeira vez o Dia Internacional do Desporto ao Serviço do Desenvolvimento e da Paz. Este dia é um complemento ao Dia Olímpico.
Depois da Segunda Guerra mundial, os países europeus chegaram à conclusão de que, no seu próprio interesse, era necessário evitar futuros conflitos e preservar a paz, através de uma ação comum. Esta evolução no sentido de cooperação esteve na origem da primeira Comunidade Europeia, em 1952, e da criação de uma televisão – União Europeia de Radiofusão. Paralelamente a estes primeiros passos no sentido da integração europeia a nível político, surgiram as primeiras competições desportivas europeias. O desporto foi entendido como uma ferramenta basilar na construção de uma nova Europa. A UEFA foi fundada em 1954, e com ela as primeiras competições entre clubes europeus. Em 1955 o jornal francês L´Équipe sugere um Campeonato Europeu.
Em fevereiro de 2018, atletas da Coreia do Sul e da Coreia do Norte desfilaram juntos na cerimónia de abertura da vigésima terceira edição dos Jogos Olímpicos de Inverno. A equipa feminina de Hóquei no Gelo era inclusive composta por atletas dos dois países, gesto considerado pelo The New York Times como a mais marcante reconciliação das duas nações na última década.
Existe uma frase marcante de Nélson Mandela que sintetiza na perfeição o âmbito desta data: “o desporto pode criar esperança onde antes havia desespero; é mais poderoso que o governo em quebrar barreiras sociais; o desporto tem o poder de mudar o mundo”. Koffi Anan, ex – Secretário-geral da ONU reforçou essa importância escrevendo que “O desporto é uma linguagem universal que pode aproximar povos quaisquer que sejam as suas origens, passado, crenças religiosas ou condições económicas.”
O preâmbulo do regulamento da Organização Internacional para a Paz pelo Desporto – A Paz e Desporto – fundada em 2007 pelo campeão mundial do Pentatlo Moderno, o francês Joel Bouzou, o conceito da paz sustentável implica não só a ausência de guerra, mas também a criação de uma estrutura social imbuída de valores que contribuam para a manutenção da paz- trabalho em equipa, fairplay, disciplina, confiança mútua, diálogo, fraternidade.
Ainda em 2011, no estudo “Desporto, poder e relações internacionais” o académico brasileiro Wanderley de Vasconcelos parte da premissa de que “o desporto favorece e fortalece os vínculos de aproximação dos povos e a comunhão de afinidades, que conduzem à conquista de simpatias, passando estas para as instâncias governamentais ou, melhor, dos estados”.
A guerra na Ucrânia também é um falhanço europeu
Não existem dúvidas que o desporto é um “produto e um processo gerador de educação, de cultura, de lazer e de economia, no quadro da organização social dos países”. A relação entre Desporto e Paz é amplamente reconhecida.
Alguns dos principais órgãos do desporto mundial já reagiram à invasão russa na Ucrânia. O acolhimento de inúmeras crianças e jovens por parte dos clubes é dos aspetos mais relevantes de solidariedade pois permite uma integração nas sociedades acolhedoras muito mais rápida e eficaz. No pós-guerra, o desporto, vai ser das mais importantes e deverá servir para agregar os países. O desporto pode liderar a atuação social de milhares de ucranianos.
Infelizmente, e citando Manuel Sérgio: “o desporto sofre hoje uma ameaça terrível, que se dirige à sua própria essência. E essa ameaça vem não só da «sociedade do espetáculo», que é a nossa e que origina a «civilização do homem sentado», mas também dos poderes que o submetem ao lucro selvagem e globalizado, ou então o toleram vigiado, instrumentalizado.” Triste sinal o deste desporto que aplaude a mediocridade, em nome da eficácia, que sacrifica os valores mais puros nos altares do êxito.
O desporto – não a clubite, com a cultura são os instrumentos de todos aqueles que lutam por um mundo novo: com paz e desenvolvido. Parte integrante do nosso património cultural, o desporto foi sempre um meio privilegiado para estabelecer laços entre os povos, para além das barreiras linguísticas e dos estereótipos nacionais. Numa Europa em mutação, o desporto constitui um admirável fator de integração, capaz de abolir inúmeras barreiras. Este facto justifica amplamente o importante lugar que o desporto ocupa na Europa.
Nos dias de hoje o desporto tem, provavelmente, um dos seus maiores desafios. O desporto tem em si um conjunto de qualidades e valores que nos vão ajudar na ressocialização e revitalização de uma Europa moderna.
“Mas o desporto pode promover o desenvolvimento e a paz?
Ao longo dos tempos, o desporto deu uma resposta positiva a esta pergunta.” José Lima
Comemorar este dia nunca fez tanto sentido como hoje!

Vítor Santos
Embaixador do Plano Nacional de Ética no Desporto

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