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Serpa Pinto, uma rua de educação e passados gloriosos

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 Serpa Pinto, uma rua de educação e passados gloriosos - Jornal do Centro
16.04.22
fotografia: Jornal do Centro
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 Serpa Pinto, uma rua de educação e passados gloriosos - Jornal do Centro
16.04.22
Fotografia: Jornal do Centro
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 Serpa Pinto, uma rua de educação e passados gloriosos - Jornal do Centro

Há ruas que causam discórdia e debates, como é o caso da rua Serpa Pinto, em Viseu. Ao longo dos últimos 50 anos, esta foi uma artéria em constante transformação, onde se colocaram em prática diversos projetos, refletindo para uns o desenvolvimento da rua e, para outros, a confirmação de que foi e continua a ser “uma rua desprezada”.

Manuel Cardoso, dono do Mini Mercado Apolo, admite que a rua, comercialmente, nunca foi muito “ativa e dinâmica” em comparação às artérias do centro da cidade, como é o caso da rua Formosa e da rua Direita.

Através das memórias de Manuel, o espaço inicialmente estaria sobretudo repleto de habitações, a maioria de grandes dimensões, quintais e algumas lojas, bem como o antigo Magistério Primário, onde se davam aulas às crianças até à quarta classe e onde professores se licenciavam, para além do imponente reformatório feminino.

“Vim para Viseu com 23 anos, em Janeiro de 1972. Tinha vindo da tropa e, como tinha aqui uma tia e primas a trabalhar e a estudar, decidi ficar aqui, ajudar e continuar o ramo”, explica. “Entretanto casei-me, juntei-me, tive filhos e a vida passou-se”, ri-se.

Manuel já está estabelecido nesta rua há cerca de 50 anos. Antigamente, encontrava-se “mais ao cimo”, 13 anos mais tarde, transferiu-se para outro espaço “um pouco mais abaixo”, ali permanecendo até aos dias de hoje.

Apesar das suas memórias felizes, Manuel Cardoso considera que esta rua precisa de mais atenção, acreditando no seu potencial.
Não concorda com o facto da rua ser atravessada pelo funicular, porque, na sua opinião, obrigou a que os carros passassem menos, bem como as pessoas.
A falta de estacionamento, tradições, atrativos e o excesso de obras sucessivas têm prejudicado a circulação na rua, admite

Já Eduardo Cardoso, dono da Papelaria Prelúdio, assume uma postura mais otimista, afirmando e reafirmando a progressão constante da rua.

Natural de Gouveia, foi emigrante e esteve durante 25 anos na República Democrática do Congo, quando decidiu investir na cidade de Viseu. Os irmãos já trabalhavam no ramo, motivo pelo qual abriu a papelaria.

“Estou nesta rua há cerca de 31 anos. A maior diferença que senti, principalmente nos últimos 15, foi no poder de compra e no movimento, havia mais dinheiro em circulação”, diz. “Lembro-me que cheguei a ter três empregados e agora estou sozinho. Notou-se uma quebra grande depois dos anos ‘90, a culpa não foi apenas do Covid, apesar da sua contribuição”, continua.

“A meu ver, a rua continua movimentada, principalmente com os alunos da Escola Superior de Educação, os tempos é que eram diferentes. Por exemplo, antigamente existia muito mais trabalho de papelaria, mais propriamente, porque não havia PEN’s, nem CD’s”, completa.

Tal como Manuel, também Eduardo Cardoso teve que se transferir para outro local, na mesma rua.
“Eu mudei-me agora para aqui há quase dois anos, estava um bocadinho mais acima (ao pé do restaurante Mimo’s) e ali foi sempre uma papelaria. Já neste espaço existiram outras lojas, foi uma casa de motociclos, escritórios de contabilidade”, conta.

“Quando abri a papelaria, a rua não tinha praticamente luz. Havia aqui um armazém de mercearias e o ‘Solneve’ que tinha várias lojas, todas da mesma firma. Era realmente uma rua muito escura e, nesse sentido, sinto que evoluiu muito. As lojas também começaram a modernizar-se”, diz.

“Hoje em dia, toda a rua está a ser renovada, os prédios estão a ser requalificados e, portanto, está a melhorar bastante. Agora, a única coisa que precisava era um estacionamento em condições, sem ser pago”, acrescenta.

Uma rua que divide. Uma rua repleta de potencialidades. E uma rua em constante transformação, desde o antigo matadouro, que deu lugar ao novo Orfeão, à Igreja da rua Serpa Pinto, hoje requalificada. É isto que define esta artéria que atravessa lateralmente a cidade ao longo do seu centro histórico.

Reformatório Feminino / Internato Viseense de Santa Teresinha

A história deste internato começa em Lamego, em 1868, com o ‘Asilo Distrital da Infância Desvalida’. Aqui, as crianças com menos recursos, dos concelhos a norte do distrito de Viseu, beneficiavam de cuidados a diferentes aspetos, o que acabou por gerar a necessidade de criar o mesmo tipo de apoio às crianças a sul do distrito.

Desta forma, em 1873, durante uma reunião plenária da Junta Geral de Viseu, o então Governador Civil, Francisco de Melo de Lemos e Alvelos, o primeiro Visconde do Serrado, apelou para a criação de um asilo em Viseu, de forma a combater as necessidades.

No ano seguinte, o asilo foi inaugurado. As instalações tinham vista para a Rua Direita e a Rua da Árvore. Mais tarde, mudaram-se para a Rua das Bocas, acabando por funcionar, também, como hospício.

Tendo em conta que as condições não eram tidas como ideais, intituladas, ainda, por alguns como “estabelecimentos mal acomodados”, Francisco Alvelos deu início à construção de um novo espaço que atendesse a todas as condições necessárias para ambas as instituições (asilo e hospício). A edificação foi feita na rua Serpa Pinto, tendo terminado no final do ano de 1880.

Em 1928, a pedido do ministro da Justiça, foi instalado, no mesmo edifício, um Reformatório para menores em perigo moral, do sexo feminino, que funcionou durante 32 anos. Desta forma, os rapazes internados foram obrigados a deslocarem-se para o Asilo-Oficina de Santo António. Posteriormente, os mesmos viram-se instalados no prédio deixado pelo General Pina e Melo, na rua Nunes de Carvalho.

Já em 1971, a instituição passou a ser regida pela assistência particular, tendo sido, ainda, rebatizada para ‘Internato Viseense de Santa Teresinha’.

Devido à deterioração do edifício, causada pelo tempo, o internato sofreu a sua última grande remodelação. A inauguração decorreu a 1 de outubro de 1980, durante a festa de Santa Teresinha, a padroeira do local.

A casa dos Pais

O solar, de arquitetura senhorial oitocentista, atualmente mais conhecido como a sede da antiga Direção de Estradas do distrito de Viseu, da “ex-Junta Autónoma de Estradas” (JAE), foi mandado construir no século XVIII pela família Pais.

Em 1927, o edifício foi considerado um património do Estado, onde o Ministério das Obras Públicas assumiu a propriedade e aí instalou a JAE.

Este solar, por muitos considerado de extrema importância, faz emergir uma sensação de nostalgia, relembrando os tempos em que os seus pais aí trabalhavam e que, enquanto jovens, frequentavam diversas vezes o espaço.

Reconhecido, também, pela sua imponente escadaria e claustros, contribuindo para a grandiosidade da entrada, sem nunca esquecerem o pátio que integrava o solar, alguns defendem a relevância de estar aberto ao público, dando a conhecer as “raízes da história” aos mais novos.

A figura por trás do nome

Alexandre Serpa Pinto (Cinfães, 20 de abril de 1846 – Lisboa, 28 de dezembro de 1900), filho de José da Rocha Figueiredo, médico, e de D. Carlota Serpa Pinto, herdou o nome do seu avô, um ilustre e reconhecido liberal, militar e político.

Com apenas 10 anos de idade, ingressou no colégio militar e, sete anos depois, tornou-se o primeiro Comandante de Batalhão.

Conhecido como o ilustre explorador do continente africano, em 1869, Serpa Pinto viajou, pela primeira vez, até África. Em 1877, depois de ter participado em diversas expedições, foi convidado a integrar a expedição científica portuguesa, juntamente com os Oficiais da Marinha, Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens, ao centro do continente. A sua missão passava por estudar as relações hidrográficas do Congo, do Zambeze e do Cuango, bem como a fazer o reconhecimento do território e esquematizar o interior do continente africano.

Durante a sua incumbência, desejou “tentar a travessia de África”, o que levou à separação dos seus acompanhantes. Atingiu, portanto, o rio Zambeze em 1878, tendo completado a travessia em 1879.

Desta travessia, nasceu o seu relato ‘Como eu atravessei a África’. A sua expedição contribuiu para o reconhecimento internacional de Portugal, tendo em conta o contexto político da segunda metade do século XIX.

Vítima de várias complicações a nível da saúde, acabou por falecer com 54 anos, deixando para trás a viúva D. Angélica de Serpa Pinto e a sua filha Carlota de Serpa Pinto. O seu funeral teve o acompanhamento de figuras ilustres do país.

De referir que chegou a ser nomeado, em 1885, Cônsul-Geral em Zanzibar e, em 1894, Governador-Geral de Cabo Verde.

Foi, ainda, considerado por Carlos I de Portugal o primeiro Visconde de Serpa Pinto.

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