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A imaginação fervilha-me com a ideia de poder descobrir a Fátima através da minha amiga suíça, incendeia-me a alma, reforça-me a ansiedade. Quase não durmo, mal como, não leio, escuto umas músicas distraídas. E imagino a cena do reencontro. Invento cenários, gestos, espantos. Outras vezes, imagino que a cena se desenrola numa sala de refeições, em mesas distantes, e que um magnetismo ao levar-nos a cruzar o nosso olhar, este se alargará de espanto e deslumbramento. Imagino também uma esplanada ao final da tarde, com um pôr do sol a derreter ouro e mel sobre o manto de neve que cobre as montanhas, e, súbito, o encontro.
Todos os dias espero o carteiro.
10 de Setembro de 1981
Curiosa a fragilidade das coisas da vida! A amizade, por exemplo. Basta por vezes uma palavra, um gesto, e tudo se desfaz, se complica, desaparece. Não sei se face a esta realidade me desligue das coisas, das pessoas, ou se, ao contrário, essa mesma fragilidade, ao conferir um tom mais belo e interessante à vida, me obrigue a um maior empenho. Uma amizade, mesmo feita de vidro, tudo merece, e é nessa entrega que reside a sua grandeza. A indiferença será apenas o espelho da mediocridade. Não importa que amanhã o vidro se estilhace, o importante é agarrar o que de essencial existe em cada presente. Até porque a vida se alimenta do bom e do mau, tudo contribuindo para a nossa formação como pessoas. Na amizade, como em outras dimensões, existe um pêndulo que ora se aproxima do sublime ora da mediocridade. O objetivo não é esperar grandes revelações mas a entrega serena e sem paixão ao momento.
Tardes de setembro! São estes os dias que prefiro, tranquilos, afáveis, sem o calor opressivo do verão. Este tempo dá-me espontaneamente serenidade, e é bom andar pelos campos, ler devagar sentado num pinhal, pensar e sonhar.
Ainda não veio resposta da minha amiga da Suíça. Mas porque não receio más notícias, ando mais calmo, decidido como estou em realizar a minha ideia de me encontrar com a Fátima. Como diz o povo, está escrito nas estrelas.