Populares contestam a construção da nova variante entre o antigo IP5 e o Parque Empresarial do Mundão, em Viseu. A estrada, com cinco quilómetros de extensão, já foi lançada a concurso público pela Infraestruturas de Portugal (IP) e vai custar mais de 11 milhões de euros, estando incluída na requalificação da Estrada Nacional 229, que liga Viseu a Sátão.
No entanto, alguns proprietários de terrenos que serão atravessados pela via em Vale de Fachas, na freguesia de Rio de Loba, estão contra o traçado escolhido pela IP. Uma das mais críticas desta opção é Ercília Melo, dona de uma série de parcelas de terreno. Ela diz que a estrada irá passar por uma zona de proteção de aquíferos, o que a preocupa.
“A estrada vai acabar por poluir com as águas da escorrência e provocar problemas de saúde às pessoas que consomem as águas e também porque passa por terrenos que estão cultivados, que são poucos nesta zona”, afirma.
Ercília Melo, que vai perder mil metros quadrados de um terreno com a obra, acrescenta que o traçado vai contra as normas comunitárias e a legislação nacional. “A parte que mais me preocupa é que estamos a falar de uma estrada com sete metros de altura em taludes e, se houver um acidente com uma viatura que transporta materiais perigosos, vai contaminar o aquífero”, diz.
Já o marido Carlos Costa lamenta que, perante a seca, se comprometam captações de água e questiona o papel de autoridades como a Agência Portuguesa do Ambiente. “Se a água é um bem precioso e que está em falta, não se percebe como autoridades como a APA e a CCDR não defendem esse recurso que é tão escasso”, argumenta lembrando que foram as captações que asseguraram a água quando a Barragem de Fagilde não conseguia.
Por sua vez, Celestino dos Santos Rodrigues está preocupado com os efeitos da estrada na agricultura e mostra-se muito receoso com a passagem da via. “A estrada não passa no meu terreno, mas passa ao lado. Só que há o problema de contaminar aquilo tudo porque, assim, não posso plantar nem colher nada porque fica tudo contaminado. Tenho muito receio”, diz.
A população já promoveu um abaixo-assinado contra o traçado da estrada e pondera mesmo avançar para a Justiça.
Em resposta, a Infraestruturas de Portugal diz que o projeto da variante entre o antigo IP5 e a Zona Industrial do Mundão “respeitou o Estudo Prévio, a Avaliação de Impacte Ambiental e o Plano Diretor Municipal de Viseu”.
A empresa pública garante também que a Agência Portuguesa do Ambiente não encontrou na empreitada problemas “suscetíveis de provocar impactes negativos significativos no ambiente”. A IP refere ainda que, “de modo a evitar interferências [nas captações de água]”, foi contornada a zona de proteção da captação de Vale de Fachas, as minas de água na proximidade, a conduta de abastecimento de água e o reservatório existentes.
A empreitada tem um investimento estimado de 11,6 milhões de euros e um prazo de execução de 420 dias e tem como objetivo a criação de uma nova ligação entre a A25/IP5 e a Estrada Nacional 229 em Mundão, intervenção que se complementa com a empreitada para a eliminação de constrangimentos na estrada Viseu-Sátão.
