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Em junho de 2021, escrevi o artigo Da Epidemia Silenciosa à Urgência do Plano Nacional, no qual, entre outros pontos, dei nota da renovação da esperança com a autorização, por parte das autoridades americanas, no dia 07 de junho de 2021, do mais recente medicamento, o aducanumab, fabricado pela farmacêutica Biogen.
“Mais de um século após a descoberta de Alois Alzheimer, não se conhecem as causas nem o tratamento da epidemia silenciosa. Todos os fármacos experimentais têm fracassado sucessivamente. (…) Na verdade, não se sabe se será eficaz”
Face às múltiplas vozes, de conceituados investigadores e consultores independentes, que se fizeram ouvir, quanto à eficácia e viabilidade do medicamento, as esperanças rapidamente se foram desvanecendo.
A primeira rejeição teve origem na Agência Europeia do Medicamento (EMA) que recusou o primeiro fármaco contra a doença de Alzheimer em quase 20 anos e o primeiro a demonstrar alguma capacidade para atrasar a progressão da doença. O regulador recomendou a rejeição da autorização de marketing para o Aduhelm que tem o aducanumab como princípio ativo, por considerar que os seus potenciais benefícios não compensariam os riscos para a saúde.
Poder-se-ia ler no Jornal de Negócios (7 de junho de 2021):
“FDA aprova medicamento para Alzheimer criticado.”
“Após a aprovação do fármaco, as ações da farmacêutica Biogen disparam 54% em bolsa e atingiram um máximo histórico de 468,55 dólares.”
Agora, apenas 11 meses após o anúncio salvífico e a conquista de máximos históricos em bolsa, a companhia anunciou o abandono dos esforços previstos para converter este anticorpo num campeão de vendas e o desmantelamento da estrutura comercial criada para vender o Aduhelm. Quanto à cúpula da Biogen, não resistiu ao fracasso clínico e comercial e será decapitada. Entre a euforia e a queda vertiginosa, muitas famílias viram frustradas as suas esperanças na obtenção de um medicamento que atue eficazmente contra a doença de Alzheimer.
É algo inusitado que a aprovação se tenha baseado em dois ensaios que a própria Biogen tinha interrompido por falta de evidência e que, pouco tempo depois, numa reinterpretação dos dados se concluísse que tinha sido observada uma melhoria dos resultados. O insucesso na testagem de novos medicamentos não é incomum, é a ciência a funcionar. O que não parece ser ético é a publicitação de novos fármacos sem que estes tenham sido convenientemente testados, gerando infundadas expectativas nas famílias que enfrentam a doença com muitos sacrifícios e com parcos apoios.
A indústria farmacêutica, como tantas outras, joga em dois tabuleiros, o da inovação e o dos mercados, mas não pode valer tudo! Este episódio é vergonhoso! As pessoas com demência, os seus cuidadores e famílias merecem respeito.
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Joaquim Alexandre Rodrigues
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Alfredo Simões