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Timor-Leste celebra hoje, dia 20 de maio o 20º aniversário da restauração da independência. Tal como a Ucrânia nos dias de hoje, Timor-Leste foi ocupada pela gigante Indonésia.
As motivações que levaram à ocupação de Timor-Leste, foram, e tal como nos dias de hoje a ocupação da Ucrânia, baseadas em supostos factos, supostas teorias. Se recuarmos a 1975, quando as tropas de Jakarta invadiram a terra do sol nascente, fizeram-no baseados numa ideia passada pelos Estados Unidos da América, de que após a autoproclamada independência de Portugal, Timor se tornaria numa base comunista, uma espécie de Cuba asiática.
Se bem o pensaram, assim o fizeram, e a 7 de dezembro 1975, vindos por ar, mar e terra, as tropas indonésias invadiram, ocuparam, chacinaram um povo durante 25 anos. Um quarto de século a tentar “desmembrar” um povo e uma nação, mas a força, determinação e resiliência dos e das Timorenses, foi determinante para que a sua independência fosse restaurada.
Apesar das diligências diplomáticas no exterior, o assunto “ocupação de Timor-Leste” sempre caiu num vazio, pois dificilmente chegavam ao mediatismo mundial a violência e a morte de que o povo timorense estava a passar.
Mas esse dia chegou. Recentemente falecido, o jornalista britânico Max Stahl, estava na capital timorense a 12 novembro 1991, quando o povo saiu à rua para chorar a morte do jovem Sebastião Gomes (também ele vitima da ocupação indonésia) e que culminou no massacre no cemitério de Sta. Cruz. Max Stahl estava lá, filmou e conseguiu fazer chegar as terríveis imagens a todo o mundo. Só a partir desse momento é que a opinião mundial, dos líderes e da população em geral, se alterou sendo esse o “click” para uma longa caminhada que levou à restauração da independência do país invasor.
Como referi no início deste artigo, e em jeito de comparação dos fatos, também hoje a Ucrânia está a ser alvo de uma invasão bárbara vai para 3 meses. Milhares de mortos, feridos deslocados, numa constante violação dos Direitos Humanos, mas desta vez em direto. Em direto nos canais de TV, nas redes sociais, com comentadores e relatadores como que de um jogo se tratasse, relatam e comentam os constantes massacres, os repetidos bombardeamentos que a Rússia inflige ao povo ucraniano, mas também relatam e comentam a resistência, a luta, a resiliência, de um povo de uma nação ilegalmente ocupada. E tal como o povo Timorense, também os Ucranianos e as Ucranianas chegarão ao seu “20 de maio”, ao dia que orgulhosamente gritarão “somos livres”.
Bruno Pereira
Estudos Europeus • Direitos Humanos
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