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No paradigma social atual são inúmeros os fatores que podem despoletar o sofrimento psicológico e o aparecimento de doenças mentais nas crianças e jovens, daí a importância de não se descuidar a saúde mental nesta faixa etária. A evidência científica reforça o impacto em múltiplas áreas da vida que da doença mental advém e da importância da intervenção precoce, uma vez que não podemos cuidar da saúde da criança e jovem sem cuidarmos da sua saúde mental.
A atenção ao bem-estar psicológico deve começar na infância, o mais cedo possível. A prevenção começa com a consciencialização da existência da doença e com a necessidade de estar alerta e compreender os seus primeiros sinais e sintomas. É fundamental que familiares, professores e amigos estejam atentos a sinais que possam indiciar perturbações do foro mental, como alterações do sono, do apetite, emagrecimento súbito ou expressão de sentimentos de tristeza inexplicáveis.
Os pais e professores assumem um papel fundamental na formação de competências das crianças e adolescentes para que consigam lidar com os desafios do dia-a-dia.
As estratégias de promoção da saúde infantil não têm como vantagens apenas prevenção de problemas mentais, como perturbações de ansiedade ou depressão, mas visam, igualmente, beneficiar a saúde física e social. Assim, na promoção da saúde mental devem constar estratégias como:
Promoção da literacia em saúde;
Reforço das relações afetivas, principalmente, dos pais, familiares e amigos com a criança e o adolescente;
Promoção do diálogo e da escuta ativa, sem julgamentos;
Envolvimento em atividades prazerosas ou que tenham significado para a criança ou jovem, como a leitura, música, cinema e hobbies em geral;
Estabelecimento de horários e rotina para as atividades;
Alimentação e sono saudáveis;
Consultas médicas de rotina;
Gestão das emoções e da resiliência;
Prática regular de exercício físico.
Nem sempre o uso das estratégias descritas acima é suficiente para evitar que o desenvolvimento de uma doença mental. Assim, há situações que poderão beneficiar de uma avaliação e intervenção psicológica. Ignorar as dificuldades sentidas não é solução, nem elas são sinónimo de fraqueza ou incapacidade. Se as dificuldades forem persistentes, bem como se interferirem significativamente no bem-estar pessoal é importante recorrer a ajuda psicológica especializada.
Ana Rita Silva, Psicóloga Clínica no Hospital CUF Viseu
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