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O consumo de álcool na adolescência é atualmente considerado um problema de saúde pública. Isto porque, nesta faixa etária, é normal existir um aumento de autonomia e aquisição de novos papéis na sociedade, mas também é possível que estas aquisições venham associadas a um aumento da impulsividade e à necessidade de experimentação, típicos da adolescência e que potenciam, algumas vezes, comportamentos desajustados que podem colocar em risco as suas vidas.
De acordo com o Relatório Global Status Report on Alcohol and Health 2018, mundialmente mais de um quarto (27%) dos jovens entre os 15 e os 19 anos são consumidores atuais. As percentagens de consumo atual são mais altas entre os jovens dos 15 aos 19 anos na Europa (44%), comparadas com outras regiões como, as Américas (38%) e o Pacífico Ocidental (38%). Refere ainda que, pesquisas escolares indicam que em muitos países o consumo de álcool começa antes dos 15 anos, com diferenças pouco significativas entre rapazes e raparigas.
Também em Portugal, segundo o SICAD, o início do consumo de bebidas alcoólicas surge sobretudo entre os 13 e os 15 anos, abaixo da idade contemplada na lei e é tido pelos jovens como uma experiência natural e expectável, o que se torna uma preocupação dentro da comunidade escolar. Os mais recentes estudos estatísticos sobre o consumo de álcool entre jovens e adolescentes portugueses mostram que o álcool continua a ser a droga mais consumida nesta faixa etária (2015, ECADT-CAD 2015).
Sabe-se ainda que o consumo de álcool se inicia em idades cada vez mais precoces, o que aumenta a possibilidade de problemas com consumo de álcool e drogas na idade adulta.
Em Portugal, apesar da lei estabelecer, no Decreto-Lei nº 106/2015 de 16 de junho, Artigo 1º a restrição à venda e consumo de bebidas alcoólicas a menores de 18 anos (), o acesso ao álcool é fácil uma vez que nem sempre é controlado.
Para além destas questões sociais que potenciam a iniciação ao consumo de álcool, alguns fatores comportamentais e fisiológicos poderão também ser considerados de risco para o mesmo, pois aparentam ter uma base genética. Adolescentes, filhos de pais alcoólicos, têm maior probabilidade de virem a ser adultos com problemas ligados ao consumo de álcool.
Desta forma, é fácil perceber que o consumo de álcool na adolescência acarreta variadas consequências físicas, psicológicas, académicas e sociais, como: principal fator que contribui para a mortalidade e morbilidade dos jovens; comportamentos sexuais de risco; condução sob efeito de álcool; problemas económicos associados à dependência fisiológica, consequências negativas no desenvolvimento e funcionamento cerebral, que prejudicam a atividade académica e, a longo prazo, o consumo de bebidas alcoólicas pode estar associado ao aumento de doenças gastrointestinais, cardiovasculares e oncológicas.
As consequências são tantas e tão nefastas que é fundamental intervir o mais precocemente possível.
É fundamental, enquanto pais, profissionais de saúde e sociedade em geral estarmos alertas para esta problemática promovendo a literacia, no sentido de uma promoção de escolhas de vida saudáveis devidamente fundamentadas. É possível viver com alegria e sem álcool!
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Jorge Marques
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Pedro Baila Antunes
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