cd tondela
viseu xmas run corte
sevenair avião
som das memorias logo
261121082345cbd31e4f08cbc237fdbda2b5563900947b148885
261121083019a9f55af575cc44675655afd52fd8ee0b7e8852f2

A taróloga Micaela Souto Moura traz as previsões do Tarot, na semana…

19.12.24

A Farmácia Grão Vasco procura estar perto da comunidade e atenta às…

19.12.24

O ano passa a correr e já estamos no Natal. Cada mês…

19.12.24

por
Joaquim Alexandre Rodrigues

 Ócios e entreténs

por
Jorge Marques

 O Fim ou o Princípio?
Home » Notícias » Colunistas » Fragmentos de um Diário – 5 de Fevereiro de 1983

Fragmentos de um Diário – 5 de Fevereiro de 1983

 Fragmentos de um Diário - 5 de Fevereiro de 1983
29.10.22
partilhar
 Fragmentos de um Diário - 5 de Fevereiro de 1983

Constrange-me tanto a minha fragilidade! A solidão tem os seus males secretos e as suas ironias. A solidão vira-nos do avesso. A solidão não criativa. A solidão pura e dura. Esta solidão esmurra-nos a alma.
        Estou sozinho e acabei de fumar um cigarro à janela. Um sentimento indefinido em mim. O céu ainda com uns farrapos de um vermelho envergonhado. Gosto de fumar à janela. O meu sonho é ir para o campo. Um dos meus sonhos mais antigos. Que alimento desde África. O campo, a solidão, os livros, a música, as obras sobre pintura, os filmes, o cão e o gato. As pessoas dececionam-me. Medíocres, mesquinhas, venenosas. Até ao nível profissional. Como aluno sempre pensei que os professores fossem por natureza da sua formação seres superiores, abertos, interessados e interessantes. Mas engano: poucos se elevam além do que é lectivamente obrigatório, não leem, não estudam, não pesquisam, não se interrogam. O tema que lhes agrada comentar é a sempre referida nulidade dos alunos. Interrogo-me no entanto sobre a sua qualidade enquanto alunos e são várias as dúvidas que tenho a avaliar pelo seu perfil intelectual de agora. Salvaguardo todavia a dedicação e a honestidade profissional de muitos.
        O dia hoje esteve bonito, com um sol primaveril.

6 de Fevereiro de 1983

Acabo de ler uma entrevista com Mircea Eliâde. Foi uma surpresa. A ideia que tinha deste historiador das religiões, através de alguns fragmentos das suas obras, era a de uma figura seca, rígida, desmistificadora. Afinal, revela-se um sábio, aberto ao absoluto, ao sagrado. Talvez por não se fechar num método positivista, mantém a abertura para o transcendente, o oculto, o invisível, recusando portanto a ideia sartriana de um «céu deserto».
        Como gostaria de mais disponibilidade para o estudo, a contemplação, a prática do yoga. Preciso disciplinar melhor os meus dias. Refrear a dispersão. Há tanta coisa por saber e fazer! Às vezes parece que a poesia em nada me ajuda a viver o quotidiano. Não consubstancia os momentos.

 Fragmentos de um Diário - 5 de Fevereiro de 1983

Jornal do Centro

pub
 Fragmentos de um Diário - 5 de Fevereiro de 1983

Colunistas

Procurar