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Escrevo para lembrar. É esse o sentido deste texto e o foco é inflação e política económica. Sendo assim, quero referir que entre meados dos anos 60 e o início dos anos 80, os Estados Unidos da América (EUA) enfrentaram a “Grande Inflação”. Um período de taxas de inflação e de desemprego simultaneamente altas, que ficou conhecido como estagflação.
Se quisermos analisar alguns factores influentes, teremos sempre de falar em esforço orçamental (guerra no Vietname e programa “Great Society” do presidente Lyndon B. Johnson lançado em 1964-1965), baixa produção mundial no sector de alimentos e commodities agrícolas em 1971-1972, choques petrolíferos (1973 e 1979), fim da convertibilidade do dólar em ouro e do regime de Bretton-Woods, o facto de os modelos e os dados usados pelos decisores terem subestimado o efeito inflacionário das políticas económicas seguidas, a importância que a Reserva Federal deu ao emprego, em termos de objectivo, em detrimento da estabilidade dos preços.
Tendo em conta o momento actual das economias portuguesa, europeia e mundial, será sempre útil revisitar as medidas de política económica dos anos 70.
Durante a Presidência de Richard Nixon (1969-1974), houve controlo administrativo de preços e salários, tendo como consequências o abrandamento apenas temporário da inflação e a falta de bens nas lojas, especialmente alimentação e energia.
Durante a Presidência de Gerald Ford (1974-1977), aconteceu uma campanha curiosa de apelo ao público para redução voluntária da despesa, com a encomenda e entrega aos americanos de milhões e milhões de pins com a sigla WIN – “Whip Inflation Now”, algo que chocou profundamente personalidades como Alan Greenspan, que classificou a medida como uma “estupidez inacreditável”.
Durante a Presidência de Jimmy Carter (1977-1981), o combate à inflação passou a ser prioritário, com a nomeação de Paul Volcker para a liderança da Reserva Federal. A política monetária passou a fixar metas para o crescimento das reservas, ou seja, todos os bancos que recebessem depósitos passaram a ter de cumprir o requisito de reservas mínimas imposto pela Reserva Federal.
Foi nesta altura que se falou em política monetária acomodatícia, como algo que era requerido por uma taxa de inflação permanentemente mais alta, e como algo que tinha efectivamente acontecido com Nixon e inclusivamente a seu pedido. Ou seja, uma política monetária expansionista que muito provavelmente lhe garantiu a vitória eleitoral em 1972, através do impulso da economia, mas que foi excessiva e acabou por demorar mais de uma década a resolver.
Foi também nesta altura que houve a preocupação de fazer uma distinção entre inflação de longo prazo, causada pela política monetária, e inflação de curto prazo, causada por variações dos preços relativos, o que conduziu ao desenvolvimento de medidas de inflação “core” ou inflação “subjacente” (taxa de crescimento do Índice de Preços no Consumidor excluindo alimentação e energia, por exemplo).
O fim da estagflação nos EUA está associado a uma política monetária restritiva e ao cumprimento do princípio de Taylor, no sentido de estabilizar a economia: a taxa de juro real deve aumentar, quando a inflação aumenta. Esta regra representa bem o comportamento da política monetária americana no final dos anos 80, início dos anos 90.
Fiz referência ao que foi feito no “Verão passado”, onde evidentemente não escapou a discussão sobre equidade, indexação dos salários e efeito subsequente sobre o processo inflacionário (a tal espiral salários-preços).
De facto, há muitas questões no domínio da política económica e a actualidade está cheia de incertezas. Pandemia, preços de alimentos e energia, quebra das cadeias de abastecimento, desequilíbrios entre oferta e procura, guerra, pressões salariais, papel das margens de lucro, etc.
Outra prova das incertezas está no adiamento e depois na mudança de rumo do Banco Central Europeu, em oposição à prontidão da Reserva Federal e do Banco de Inglaterra. Falo na tendência ascendente dos juros.
Então, o que é necessário? Estabilidade dos preços, ou seja, taxa de inflação de 2% no médio prazo. É preciso actuar nas taxas de juro? Sim. Tem efeitos negativos? Tem, mas também alguns positivos. Quanto têm de subir? Ninguém sabe e depende. Apenas sabemos o que foi feito no “Verão passado”, e isso já não é pouco. E para encerrar? É tempo de explicar constantemente aos cidadãos que esta é a melhor forma de proteger os seus rendimentos e que a ideia é ultrapassar este problema com o menor custo possível. A política tem de cumprir aqui bem o seu papel, o que não aconteceu nas últimas semanas. Por vezes, basta escrever para explicar e lembrar.
José Pedro Gomes
Economista | Gestor
(Artigo de acordo com antiga ortografia)
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