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Crises, casos, casinhos, demissões, investigações, buscas, comentários presidenciais e questionários à consciência. Neste artigo, não falarei sobre isso. Não ignoro, até porque é impossível. Não julgo, até porque não quero ser justiceiro. Não falo, mas peço (pedimos todos) menos desleixo, mais respeito, humildade, franqueza e foco na Política que interessa a todos, ou seja, políticas públicas que tenham como fundamento a garantia dos 3 E’S: equidade, eficiência e estabilidade.
Ao invés, quero dar boas notícias. Essas sim, são necessárias, urgentes e, sorte a nossa, são verdadeiras. Podem passar despercebidas, daí querer falar sobre elas.
Sabemos que a Economia, enquanto ciência social, estuda a realidade social, estuda os fenómenos sociais. Sabemos que os economistas criam modelos e simplificam a realidade, no sentido de analisar comportamentos e conseguir fazer previsões. Como fazem previsões, muitas vezes erram. Mas, mesmo errando, esses dados são importantes ou mesmo essenciais para a nossa vida colectiva.
Ora, actualmente temos dados e estamos em circunstâncias que nos dão alguma esperança e ajudam a criar um clima de mais confiança.
Portugal foi um dos 6 países que registaram um excedente orçamental no terceiro trimestre. Entre Julho e Setembro, a dívida pública portuguesa caiu 3,3 pontos percentuais face ao trimestre anterior, para 120,1% do PIB.
A economia europeia tem melhorado substancialmente neste arranque de ano e vários economistas estão a rever as estimativas. No Fórum Económico Mundial, em Davos, foram apresentadas perspectivas mais optimistas para a economia europeia em 2023. A zona euro pode mesmo escapar a uma recessão e, portanto, os prognósticos económicos são hoje muito melhores.
Os preços energéticos estão a abrandar, ajudando à descida da inflação, e a política de “COVID zero” está a terminar, reabrindo a economia chinesa.
No nosso horizonte estão ainda os fundos comunitários do PT2030 e o próprio Plano de Recuperação e Resiliência.
O cenário não é o melhor, mas está a deixar de ser negro. Esta própria inversão favorece também as expectativas de todos nós, influenciando as nossas decisões diárias, perante recursos limitados e necessidades ilimitadas. É aí que está o risco: aumento da procura, pressões salariais, impactos na inflação, política orçamental em conflito com a política monetária. Portanto, prudência deve continuar a ser uma das palavras de ordem.
Estes não são dados certos (não esquecemos a guerra), a Economia não é Matemática e a resposta à crise depende sempre de uma resposta colectiva. No entanto, são orientações futuras muito importantes.
Esperemos que a Política e as políticas não as desperdicem. Isso sim, é que nos faria mal.
José Pedro Gomes (Economista | Gestor)
(Artigo de acordo com antiga ortografia)
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