Uma bengala com sensores e GPS que é alimentada por painéis solares é a ideia, já recriada em protótipo, de Rodrigo Carvalho, um jovem de 20 anos natural de Paredes da Beira, no concelho de São João da Pesqueira.
O conceito de bengala com sensores que alertam para a aproximação de um obstáculo não é novo, mas uma bengala com estas características que seja sustentável e autónoma não existia, pelo menos até agora.
“A ideia surgiu de noite, não conseguia dormir e lembrei-me. Recordo-me que li uma frase que mexeu comigo, que tinha a ver com mobilidade e deu-me a ideia de criar algo diferente”, contou Rodrigo Carvalho ao Jornal do Centro.
Tudo começou no verão passado quando o jovem se lembrou de criar uma bengala “100 por cento sustentável”, pesquisou, fez muitos desenhos, cálculos, selecionou componentes e, em setembro, decidiu pôr mãos à obra e criar o protótipo que hoje mostra com orgulho. Tudo foi feito “em segredo” dentro do quarto onde mora, em Viseu.
Rodrigo Carvalho é estudante do Instituto Politécnico de Viseu e um verdadeiro “autodidata”. “Sempre fui curioso. Quando era criança desmontava os brinquedos só para ver como funcionavam. Entretanto fui-me interessando por eletrónica e informática. E depois há a paixão pelos livros, leio muito, desde livro técnicos a outras coisas e isso ajudou. À bengala dediquei muito tempo, não me guiei por lado nenhum, aos poucos fui criando e quando não estava nas aulas estava no quarto a trabalhar, chegava a ficar até às três da manha”, recorda.
O jovem explicou que desde o início teve três grandes preocupações: eficiência, peso e autonomia. Quanto à eficiência e autonomia conseguiu-o através da instalação de painéis solares e que permite uma autonomia de uma semana, com todos os sensores sempre a funcionar. O peso está também garantido já que a versão final será produzida em fibra de carbono e sem alguns dos objetos que integram o protótipo.
A beleza e conforto foram também preocupações desde o arranque da ideia. “Queria que fosse uma bengala bonita, mesmo o protótipo fiz de forma a que não fosse feito, e que fosse confortável e, por isso, criei uma pega mais ergonómica [semelhante à das canadianas], porque sempre achei que as bengalas “normais” não devem ser muito confortáveis”, conta.
A bengala, além dos sensores de aproximação a obstáculos – o de obstáculos baixos lança alerta por vibração e o de obstáculos acima de 1,50m por som – tem iluminação noturna e diurna, um indicador de bateria, um chip de localização que permite saber onde a pessoa está e o percurso feito e um QR Code onde está toda a informação do proprietário da bengala e que este pode usar como pulseira, preso na cintura ou na própria bengala.
“O QR pode ajudar as pessoas caso se percam, como as pessoas que sofram de Alzheimer. O sistema de localização é também uma forma de ajudar em caso de desaparecimento ou caso a pessoa se desoriente. Depois é ainda possível ir acrescentando outras funcionalidades, como permitir que a pessoa em caso de perigo possa lançar um alerta para um familiar, por exemplo”, refere Rodrigo Carvalho.
Criado o protótipo, Rodrigo Carvalho espera agora arranjar alguém que pegue na ideia e o ajude a tornar o sonho uma realidade.
“Acredito que a bengala possa ser útil e uma grande ajuda para muitas pessoas, por isso gostava muito que a bengala pudesse ser comercializada e ser útil. Mas só com ajuda é que conseguirei tornar isto realidade, é um esforço financeiro que sozinho não consigo”, disse, lembrando ainda que a bengala tem já uma pré-patente, uma vez que o jovem já avançou com o processo.
Rodrigo Carvalho conta que é “muito perfecionista” e que está sempre a arranjar novas alterações e melhoramentos e que, apesar de estar totalmente focado na bengala, já tem novas ideias que espera puder vir a por em prática.