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Gostaria de fazer da minha vida um ato poético. Descobrir caminhos, caminhar sem esta sensação pesada de ir gastando sem alegria os dias, de caminhar como quem canta e põe o seu corpo e a sua alma nesse ato.
Preparo-me para dar um passeio. Levo nos bolsos as cartas da Fátima e com elas irei até o jardim público, encostado às muralhas do castelo e sobranceiro à paisagem alentejana. Fui mas nem uma carta li, logo interrompido por conhecidos, alunos, colegas. Regressei assim que pude, furibundo. Agora, deitado na cama, vou dedicar-me ao meu exercício dileto, o da literatura epistolar. Vou ler as epístolas aos carentes de amor.
13 de Março 1984,
Estou mesmo ferido de saudades. É mais grave que das outras vezes. Vivo momentos de um desencanto permanente que me incapacita para a normalidade dos dias. Moura fica longe de tudo, sobretudo longe de mim mesmo. Estou aqui, não por opção, mas por efeito de um concurso. Não me queixo da vila, queixo-me da lonjura. Estou aqui duplamente desterrado, do meu amor e da Beira Alta. Não posso disfarçar que aqui vivo como que num outro universo, ou numa prisão, à espera que o tempo passe. E ele passa e por passar me dói também, porque é tempo roubado à alegria e ao amor.
Escrever? Mas para quê? Dizem que um computador já o faz e se calhar melhor. A poesia sempre foi algo muito humano que tinha a ver com o que há em nós de mais nobre, profundo, e é um desânimo saber que uma máquina já nos usurpou esse instrumento de expressão. Resta-nos ainda ser os únicos capazes de vivências poéticas.
E por falar em vivências poéticas, a jovem do castelo de Mourão já me visitou mais vezes. Algumas delas, vem diretamente para Moura, não vai a casa dos pais. Passa as noites de sexta e sábado comigo. No domingo, regressa a Lisboa. É bom estar com ela. Divertimo-nos, sobretudo sexualmente. Sei que não é a ela que quero. Não tenho dúvidas. E porque não as tenho, consigo estar com ela numa atitude descomprometida.
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