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Se Jesus Cristo ganhasse mil euros desde que nasceu ainda era um menino à beira da Galp

 Se Jesus Cristo ganhasse mil euros desde que nasceu ainda era um menino à beira da Galp
24.02.23
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Se um trabalhador recebesse 1000€ por dia, o que será um sonho e por mim falo, precisaria de ter começado a trabalhar no ano em que Jesus Cristo nasceu, portanto, há 2023 anos, para que lhe passassem pelas mãos 738 milhões de euros, ainda longe dos 881 milhões de lucro da Galp no ano de 2022. É esta a contradição que não é possível esconder. É esta a contradição que urge resolver.

O aumento continuado dos preços de bens essenciais, a perda real do poder de compra da esmagadora maioria dos portugueses, os lucros astronómicos dos grupos económicos e a ausência propositada de políticas do Governo para pôr fim a esta situação é a realidade, nua e crua, que nos entra pelos olhos dentro.

Nem a propósito, na mesma altura em que os grupos económicos apresentam os seus lucros monstruosos, o Governo, juntamente com os aliados permanentes da política de direita (PSD, CDS, Ch, IL), aprova as alterações à legislação laboral, parte integrante da Agenda do Trabalho Digno.
Uma Agenda que tem tanto mais de indignidade quanto o horizonte temporal que dá aos trabalhadores que aspirem a uma vida melhor, uma dignidade que pretende propagandisticamente dar ao trabalho mas que confirma as normas mais gravosas da legislação laboral, nomeadamente a caducidade da contratação colectiva.

Há alternativa à actual situação e essa alternativa passa por dar força à luta reivindicativa em curso, quer a que se desenvolve a partir das empresas e locais de trabalho quer a que converge para a demonstração de descontentamento generalizado em vários sectores e camadas da população, como no próximo dia 18 de Março, mas também, pela afirmação de medidas concretas que rompam com o actual quadro de opções do Governo.
A alternativa à actual situação passa, no imediato, pelo urgente aumento dos salários, pensões e reformas, pela taxação dos lucros extraordinários, pela fixação de preços máximos nos bens essenciais, por pôr os lucros da banca (2000 milhões de euros) a suportar o aumento das taxas de juro no crédito à habitação.
Cabe aos trabalhadores e a todos os que almejam uma vida melhor não se resignarem nem ficarem aterrados com tamanha injustiça, mas antes, fazer das injustiças força e ânimo para desenvolver a luta necessária por uma mais justa distribuição da riqueza criada.

É esse o sentido da acção nacional “Mais força aos trabalhadores” que o PCP definiu na sua Conferência Nacional em Novembro de 2022. Dar aos trabalhadores as perspectivas de uma verdadeira alternativa, dar aos trabalhadores ânimo para combater a resignação e lutarem pelos seus direitos, afirmar junto dos trabalhadores que não estão sozinhos e que a vida não tem de ser sempre dura para quem trabalha.

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Jornal do Centro

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