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Imagino que tenha acontecido desta maneira: ao estudar o sector artístico na cidade, as suas características e potencial de crescimento, o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido ao longo dos anos neste sector neste território, depois de perceber os hábitos culturais das pessoas que habitam o território, de ter contactado com as entidades de referência, escutado o próprio sector, desenvolvido uma visão consequente, lido sobre o que tem vindo a ser feito noutros contextos, o Dr. Fernando Ruas entendeu que o melhor investimento para o sector artístico local seria a construção de um Centro de Artes e Espectáculos. Digo “o melhor”, por se tratar de um investimento expressivo. No site do Município podemos ler esta semana que foi “aprovada, em reunião de Câmara, a abertura do procedimento de concurso público para elaboração do projeto de execução do Centro de Artes e Espetáculos de Viseu, no valor de 15,5 milhões de euros”.
15,5 milhões de euros é um valor que enche a vista, que o senhor presidente espera poder complementar com fundos europeus, e para o qual “o Município de Viseu pretende fazer face a alguns dos custos da empreitada com a venda de um terreno previamente adquirido, junto à antiga estação ferroviária”. Não há como negar, 15,5 milhões de euros é muito dinheiro, e por isso só se justifica por uma forte convicção na consequência que este investimento terá no território; no contributo que trará para o bem-estar a população.
Sobre isso, seria interessante saber um pouco mais.
Por enquanto, em todos os artigos que leio sobre o assunto encontro a informação de que este equipamento funcionará como complemento ao Pavilhão Multiusos – relação que, enquanto espectador e agente artístico não compreendo totalmente. Porque não há, em todas as notícias que leio, uma referência à sala de espectáculos mais importante no contexto local, o Teatro Viriato? Como se pode encarar o silêncio em relação ao que isto significa para este outro equipamento?
15,5 milhões de euros é um investimento demasiado grande para deixar dúvidas sobre o seu objectivo.
Claro que é um investimento que não deixo de encarar com um certo optimismo: afinal de contas é mais uma sala de espectáculos na cidade. Mas, ao contrário do que se possa pensar, os agentes culturais não esperam apenas que o investimento no sector seja maior (sendo que este ainda não o é, por enquanto será um investimento no sector da construção civil). Interessa saber que direcção tem esse investimento, que horizonte. Qual é a cidade futura que este equipamento ajuda a construir?
Pela minha parte, parece-me que a construção destas “catedrais” deve acontecer em contextos específicos. Um pouco como na agricultura, devemos preparar o terreno para as intervenções que nele faremos. Receio que este equipamento caia na cidade como qualquer coisa fora de escala.
Se tivesse feito parte do grupo ligado ao sector que o senhor presidente auscultou (só posso imaginar que houve essa escuta), teria sugerido o aproveitamento de diferentes espaços de pequena dimensão na cidade para a concessão por concurso a estruturas que desenvolvam o seu trabalho no território, que estão a formar público e a desenvolver linguagens artísticas, que poderiam crescer na sua capacidade de programação. Espaços pequenos, garagens ou lojas devolutas que pudessem ser reabilitados com muito menos que 15,5 milhões de euros e transformados em blackboxes para as artes performativas, ou galerias ou oficinas para as artes plásticas, salas de trabalho partilhado, enfim, pólos culturais activos e acessíveis na cidade, em diálogo estreito com a sua vizinhança. Promovia o investimento na valorização do sector, através de um gabinete de apoio, acções de formação, ferramentas de divulgação, promoção dos agentes locais no contexto nacional e internacional. Com certeza que, no meio da sua pesquisa, o Dr. Fernando Ruas se cruzou com o impacto que projectos deste género, apesar de modestos, tiveram nas comunidades em que se inserem. Com certeza que leu sobre o Cultura em Expansão ou a ocupação do centro comercial STOP, no Porto, ou sobre a Casa Conveniente, em Lisboa; ou nem tanto, bastaria estudar o impacto de projectos já implementados na cidade. Ver o que acontece quando se criam lugares de trabalho e apresentação para as disciplinas artísticas que dialogam com a cidade.
São diferentes formas de encarar a construção de um Serviço Público de Cultura. Tudo depende, como já ia escrito no último texto que escrevi para o Jornal do Centro, do que pensam, e o que fazem com o que pensam, os decisores políticos. Deste lado, somos todos ouvidos.
Guilherme Gomes – director artístico do projecto CRETA
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