A psicóloga acaba de lançar “O Mundo cabe no coração de uma…
A taróloga Micaela Souto Moura traz as previsões do Tarot, na semana…
No quarto episódio do programa “Bem-Vindo a”, tivemos o prazer de conversar…
por
André Rodilhão - Destak Imobiliária
por
Ana Rodrigues Silva
por
Eugénia Costa e Jenny Santos
25 de Abril sempre! Esta foi uma das afirmações que mais se ouvirem na tarde desta terça-feira no Rossio, em Viseu. O povo saiu à rua para lembrar que há 49 anos era tudo diferente e para que o dia da revolução não se esqueça.
“O 25 de Abril é uma coisa única e que temos que preservar”, conta Manuel Rego, um dos muitos populares que não quiseram faltar à festa da Liberdade.
“O 25 de Abril é talvez das coisas com mais significado de que me lembro. Tenho 77 anos e costumo dizer aos meus netos que Portugal nasceu a partir desse dia. Atravessei a ditadura, atravessei o 25 de Abril e fui para a guerra colonial e isso marca”, recorda.
Manuel Rego assegura que é preciso lembrar este dia, “para que prevaleça por mais 49 anos, ou mesmo por séculos. Só quem viveu o antes é que dá o valor do depois”, destaca.
Para o popular, que viveu as consequência da ditadura e que chegou a ter que sair de Viseu, a mensagem deve chegar aos mais novos. “Quem não viveu nesses tempos deveria esforçar-se para perceber muito bem o que aconteceu”, diz.
Quem também viveu na pele os tempos de fascismo foi Isabel Mendes e família. O pai teve que fugir para não ser preso. “Tínhamos uma vida normal e destruiu-se tudo”, recorda.
“Nasci em Lisboa e o meu pai era chefe de uma secção da fábrica da louça de Sacavém e ele tinha um grupo. Houve uma altura que prenderam alguns e ele teve que ir embora para que também não fosse preso. Sou filha única e a minha mãe trabalhava num aeroporto, tínhamos uma vida normal e destruiu-se tudo, porque o meu pai foi obrigado a fugir. Foi para Bordéus e nós acabamos por ir também”, recorda.
Isabel Mendes conta que está em Viseu há três anos e não poderia faltar às comemorações do 25 de Abril, momento que considera “muito importante, para que ninguém se esqueça daquele dia”.
“Como vivi na pele, como o meu pai viveu na pele o problema que era o fascismo, este dia é marcante”, destaca, recordando outro episódio daqueles tempos.
“Tinha uns seis anos e lembro-me que a polícia tentava dar-me bonecas só para eu dizer onde estava o meu pai, mas eu não sabia e, felizmente, não precisava de bonecas”, recorda entre sorrisos nervosos de quem lembra com dureza, mas sem nunca querer esquecer.
Entre as dezenas de pessoas estavam também Maria de Lurdes Gomes e Maria Gabriel, que também elas viveram os tempos de censura.
“No 25 de Abril vivia em Viseu, tinha 20 anos e ouvir que os meus colegas já não precisavam de ir para o Ultramar foi a melhor coisa. E tinha pessoas amigas que estavam presas, que para falar sussurravam e essa mudança foi muito bom. Senti a censura, as escolas eram meninos para um lado, meninas para o outro. Nas festas do colégio era tudo censurado e estar em grupo era uma impossibilidade”, recorda.
Já Maria Gabriel faz questão de destacar que comemorar a revolução dos cravos é lembrar que houve um dia em que se ganhou liberdade. “A nossa liberdade, de deixarmos de ser escravas de nós próprias e não dependermos de ninguém. É ótimo estar a comemorar e poder fazer o que há 49 anos não podíamos”, finalizou.
Em Viseu, as comemorações do 49º aniversário do 25 de Abril de 1974 arrancaram de manhã com a homenagem aos capitães de Abril, no Regimento de Infantaria 14. Seguiu-se a Mota Faria: Abril, a melhoria da qualidade da democracia e o combate à corrupção na Casa Social de São Pedro, em Sanguinhedo, na e que contou com a presença de João Pedro Antas de Barros: O balanço dos 49 anos de Abril, as ‘caldeiradas ideológicas’ e o futuro sem a ‘política do eu’. O fundador e antigo presidente do Instituto Politécnico de Viseu foi o convidado-conferencista da sessão extraordinária da Assembleia Municipal de Viseu.