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Os Bombeiros Voluntários de Penalva do Castelo assinalam 74 anos de existência. A corporação vai assinalar a data com um conjunto de iniciativas que arrancam este domingo e terminam em setembro.
Para este fim de semana, que assinala o arranque das comemorações, decorrem as habituais cerimónias como o hastear da bandeira (9h00) ou uma romagem ao cemitério para prestar homenagem aos sócios, diretores e bombeiros falecidos (9h30).
Ainda durante o dia de domingo está prevista uma exposição de viaturas da corporação, junto à Loja do Cidadão (10h00), uma missa na Igreja da Misericórdia (11h15) e um almoço do 74º aniversário, que vai juntar “a família dos bombeiros”, como destacou o presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários (AHBV) de Penalva do Castelo, José Albuquerque.
“Neste aniversário vamos englobar muitos eventos, que começam este domingo. Uma das iniciativas é o almoço comemorativo onde estarão presentes bombeiros, antigos bombeiros, antigos dirigentes. No fundo, a família dos bombeiros, todos os que passaram por aqui. Assim como entidades e parceiros locais. Vamos estar todos juntos, será uma forma de confraternizarmos e festejar o aniversário”, disse.
A próxima iniciativa é a 24 de junho, com um seminário com a temática “Proteção Civil e a Segurança das Comunidades Rurais”, a ação é aberta a toda a população, autarquias e corporações. No dia 1 de julho acontece um torneio de sueca e em setembro, dias 9 e 10, realiza-se a segunda edição do festival das sopas.
Lista de desejos: um veículo de combate a incêndios e mais respeito
Apesar de o momento ser de festejos, a verdade é que as associações de bombeiros não atravessam tempos fáceis e em Penalva do Castelo o cenário não é muito diferente do resto do país.
“A vida das associações nem sempre é fácil. No nosso caso, um dos problemas com que nos deparamos é as dívidas que as entidades têm para connosco, como hospitais ou a ARS [Administração Regional de Saúde]”, destaca José Albuquerque. Segundo o responsável, as várias entidades devem à AHBV de Penalva do Castelo mais de 100 mil euros, valor que “cria transtornos financeiros” e obriga a uma “engenharia financeira”.
“As associações são conhecidas como boas pagadoras, mas é preciso uma ginástica muito grande para conseguirmos cumprir. Todas as despesas inerentes ao nosso serviço, ao final do mês caem, é preciso ter em conta que os bombeiros não podem andar a trabalhar à espera que lhes paguem quando dá. Os bombeiros podem estar em desacordo com muita coisa, mas a verdade é que quando alguém pede socorro estamos sempre presentes, quer devam ou não”, sublinhou.
José Albuquerque afirma que “o grande desafio é ter os bombeiros preparados e equipados para que se possa dar o melhor socorro à população” e, para isso, está a ser pensada a melhor forma de conseguirem adquirir uma viatura de incêndios urbanos (VUCI). “Estamos a pensar durante este ano adquirir uma, obviamente que não será nova porque não temos verbas suficientes”, acrescentou.
O presidente da AHBV Penalva do Castelo assegura que “a nível de funcionamento e ocorrências” a corporação está “muito bem”, mas lamenta que estes operacionais não sejam olhados de outra forma pelo Governo.
“A chamada crise do voluntariado surge por várias razões. Hoje em dia, para se ser bombeiro, é preciso dar cada vez mais e as exigências são cada vez mais, mas depois os apoios não correspondem. Quantas vezes os bombeiros saem de casa e não sabem como voltam? É preciso que alguém olhe para eles, como na questão dos seguros, por exemplo. Os voluntário têm um “seguro de mínimos”, quando deveriam ter um seguro de máximos”, lamentou.
Mais de cinco mil ocorrências em 2022 e um corpo ativo cada vez mais reduzido
Durante o ano de 2022, os Bombeiros Voluntários de Penalva do Castelo foram chamados para 5168 ocorrências, dessas, 3439 dizem respeito a transporte de doentes não urgentes, 1199 serviços de emergência, 33 combate a incêndios rurais e seis de combate a incêndios urbanos. No último ano, registaram-se ainda 29 incêndios rodoviários, 48 abastecimentos de água à população, 68 remoções de árvores entre outras ocorrências.
A falta de elementos é o grande problema na gestão do corpo ativo, que começa a ficar cada vez mais “curto”. A corporação é atualmente composta por um quadro ativo de 44 elementos, sendo que 28 são funcionários e dispõe de três Equipas de Intervenção Permanente (EIP).
“Durante estes anos, os desafios são sempre procurar o melhor, seja ao nível de formação, seja cativar mais bombeiros. Não há incentivos para os jovens virem para os bombeiros e temos que ser nós próprios a ir junto das escolas para os tentar cativar. Não prometemos nada, porque na verdade não temos nada para prometer”, conta o comandante José Manuel Lopes.
Criar uma escola de infantes e cadetes é um dos sonhos da corporação. “Escola de formação de infantes e cadetes não temos, porque não tem tido grande adesão. Enquanto comandante, ando sempre à procura de mais e gostava de ver aqui jovens, dos 6 aos 14, que nos entusiasmassem”, frisa.
Para o comandante, a quebra cada vez maior de bombeiros vai ser um grande problema no futuro. “Quando os mais velhos começarem a sair não sei o que vai ser dos bombeiros”, lamenta.