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Há hábitos que crescem connosco, tanto que muitas vezes, numa amálgama confusa, já nem sabemos se somos nós mesmos ou se o hábito em si. O ambiente que nos envolve, que moldamos e que também nos esculpe, tem a sua quota-parte na formação de quem somos enquanto pessoas. Somos feitos de tradições, mas igualmente de contradições – uma delas, bem visível no nosso país, é o consumo de bebidas alcoólicas.
Somos um dos países que mais consome álcool per capita da Europa, aproximadamente 12L por ano de álcool puro. Lideramos o topo da tabela referente ao consumo diário de bebidas alcoólicas, com cerca de 1 em cada 5 pessoas a consumir álcool todos os dias. De acordo com o último inquérito nacional do tipo, aproximadamente 3% da população tinha um consumo considerado de risco elevado no último ano. Além disso, estimou-se que cerca de 0.8% apresentava sintomas de dependência. Este número corresponde a 80 mil pessoas, sendo precisos quatro pavilhões Altice Arena para poder abarcar tamanha plateia!
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, é recomendado não ultrapassar o consumo diário de 2 bebidas padrão, se homens, e de 1 bebida padrão no caso das mulheres (bebida padrão equivale, por ex. copo de vinho de 10mL ou copo de cerveja de 20mL). No entanto, não há uma quantidade que seja considerada segura para a saúde, pois mesmo o consumo leve a moderado acarreta malefícios.
O álcool contribui para 3 milhões de mortes por ano globalmente. É o principal fator de risco para morte prematura em pessoas entre 15 e 49 anos, afetando sobretudo os estratos socioeconómicos vulneráveis. Contribui para inúmeras doenças crónicas, desde o enfarte do miocárdio ao acidente vascular cerebral (AVC), hipertensão arterial, diabetes, cirrose hepática, problemas psiquiátricos como depressão, ansiedade e abuso de outras substâncias, assim como diferentes tipos de cancro.
Para além das consequências em saúde, destaca-se o impacto a nível socioeconómico do consumo excessivo de álcool, estando intimamente relacionado com crimes de violência, acidentes rodoviários, problemas familiares e financeiros.
Sendo Portugal um dos principais produtores de vinho mundial, o álcool está enraizado na nossa cultura e sentado connosco à mesa. Todavia, é igualmente uma praga entre nós. É altura de deixarmos de considerar que beber a todas as refeições é “normal”, que beber demasiado é somente o estado de embriaguez a ponto de cair na sarjeta ou que apenas tem dependência quem consumiu durante muitos anos, até perder família, dinheiro e abrigo.
Devemos repensar os consumos etílicos como sociedade e indivíduos. Se porventura sentir que tem um problema relacionado com o álcool, que este está a tornar-se uma parte progressivamente importante da sua vida ou a prejudicar a sua vida ou de quem o/a rodeia, é aconselhável procurar ajuda médica!
António Dias Carneiro – Médico IFE em Medicina Geral e Familiar na USF Viriato, em colaboração com a UCC Viseense
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