A Stellantis Mangualde viu ‘chumbada’ a avaliação de impacte ambiental do projeto de expansão da fábrica com vista ao aumento da produção, o que significa um revés face aos planos da multinacional automóvel, que quer começar a produzir veículos elétricos na fábrica do distrito de Viseu em 2025 e avançar com um quarto turno de laboração.
A decisão foi tomada pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), que determinou a desconformidade do estudo de impacte ambiental da ampliação da antiga PSA.
Segundo a notícia avançada esta sexta-feira (30 de junho) pelo Jornal Económico (JE), a CCDRC deu várias razões para cancelar o procedimento de avaliação, incluindo a falta de documentos, a impossibilidade de apresentá-los de forma “consistente” para a fase de consulta pública e ainda “deficiências na documentação apresentada”.
De acordo com o estudo de impacte ambiental, citado pelo JE, a Stellantis quer aumentar a produção na fábrica de Mangualde, passando de 11 para 16 veículos por hora.
A fábrica revelou a intenção de contratar 62 novos trabalhadores, ficando com um total de 984 com a expansão, e passar de três para quatro turnos de produção nos sete dias da semana. Com a expansão, a área total da fábrica passaria dos 97 mil para os 111 mil metros quadrados.
A Stellantis pretende também implementar uma quarta equipa de trabalho este ano e incluir robôs colaborativos na montagem até 2025. No plano, também está prevista a instalação de uma unidade de produção de energia fotovoltaica para fins de autoconsumo e o reforço da capacidade de consumo de solventes.
Decisão não impacta projetos para Mangualde, garante empresa
É com estas medidas que a Stellantis tem em curso o projeto de expansão do Centro de Produção de Mangualde, com o objetivo de aumentar a capacidade produtiva e permitir o fabrico de veículos elétricos.
Stellantis vai produzir veículos elétricos a bateria a partir de 2025, o CEO do grupo automóvel, Carlos Tavares, tinha anunciado que a unidade ia ser a primeira fábrica em Portugal a produzir furgões compactos totalmente elétricos a bateria em grande série, das marcas Citroën, Fiat, Opel e Peugeot, a partir de 2025.
“Impulsionar a experiência de fabrico de Mangualde para construir veículos elétricos a bateria é fundamental para a descarbonização contínua das nossas frotas e mais um passo numa altura em que trabalhamos para alcançar um mix de 40 por cento de zero emissões até ao final da década”, salientou na altura Carlos Tavares na visita que também contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e do primeiro-ministro, António Costa.
O presidente executivo da Stellantis assumiu ainda que tem sido pedido aos trabalhadores “um esforço enorme”. A “nova era de produção” passava por uma transformação da fábrica de Mangualde “preparada para o futuro” com novas instalações, tanto na área de montagem como na de ferragem, a otimização da área industrial e a criação de uma nova linha de montagem de baterias.
Em resposta à decisão da CCDRC, fonte oficial da empresa começou por dizer que, com a “constante modernização e transformação” das instalações do Centro de Produção, o processo de renovação da licença ambiental “tem tido, nos últimos anos, várias atualizações”. “Por meras questões administrativas e burocráticas, estamos, neste momento, a melhorar a última versão apresentada, o que nada impacta os projetos futuros da fábrica”, acrescentou.
Cerca de 38 mil carros produzidos até maio
Nos primeiros cinco meses deste ano, a Stellantis Mangualde já produziu 37.996 viaturas, das quais 10.075 de passageiros e 27.921 comerciais, representando cerca de 25 por cento da produção automóvel em Portugal. Só em maio, o último mês com dados atualizados de produção, a fábrica fez 8.623 carros, segundo dados da ACAP – Associação Automóvel de Portugal.
Já em 2022, a unidade de Mangualde teve o seu segundo melhor ano de produção com mais de 77 mil carros fabricados entre janeiro e dezembro do ano passado. A marca foi atingida no ano em que a fábrica comemorou os 60 anos de atividade e começou a produzir viaturas da marca Fiat.
