No terceiro episódio do programa “Bem-Vindo a”, tivemos o prazer de conversar…
São mais de 100 presépios, de diferentes tamanhos e construídos ao longo…
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Teresa Machado
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Isalita Pereira
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Joaquim Alexandre Rodrigues
Hoje aconteceu um breve terramoto emocional. Os professores de filosofia de quase todas as escolas do Alentejo tinham sido convocados para um encontro em Beja. O orientador era um fulano de Lisboa, mas não um fulano qualquer a fazer pela vida. Não. O entusiasmo, a intensidade reflexiva, a alegria do gesto, a aventura do pensamento, eram estas, no mínimo, as dimensões que encarnava. Nunca tinha conhecido alguém assim. Nem de longe nem de perto. Só abro uma exceção para o meu professor de Antropologia Filosófica. Durante a primeira parte da conferência abstraí-me de tudo, o mundo exterior desaparecera. Pensei que se houvesse pelo menos em cada cidade do país dez pessoas como ele, a vida seria outra. Mas veio o intervalo. Saímos todos ao café e ao cigarro. E foi aqui que a vi, a mais bela mulher do planeta. De cabelos negros, olhos azuis, de uma elegância que as calças jeans e a contenção de cada gesto sublimava. De chávena na mão, afastara-se ligeiramente dos colegas para perto de uma janela. Eu parara ao balcão, esquecido do café e do pastel de nata. Foram segundos, foi uma eternidade aquele instante de fascinação. Todos se afastaram aos poucos para o exterior, em direção a um pátio onde um pouco de sol demorava o seu calor desejado. Ela ficou quieta a olhar o vidro da janela. Mas não observava o exterior, olhava-me no reflexo e sorria. Quando interpretei aqueles sinais, e como sempre me acontece ao ser apanhado de surpresa, estremeci como um colegial, e embaracei-me; o pastel caiu ao chão, a chávena inclinou-se sobre o balcão e eu corei. Foi ela que me socorreu. Apanhou o bolo com um guardanapo, pô-lo no lixo e pediu mais um. Veio também mais um café. E fez questão de pagar a despesa. Depois disse que era a segunda vez que me surpreendia em flagrante delito. Não compreendi. Ela esclareceu. Tinha sido em Coimbra, no Quebra Costas. Ela descia, eu subia. Eu, distraído comigo mesmo, ela atenta aos degraus e a quem passava. Disse-me que na altura eu andava no quarto ano e ela no segundo da faculdade. Ela já me tinha visto. Pelos vistos, eu a ela, não. Porque nesse dia, ao vê-la, a minha atitude foi a de um pastorinho perante uma assombração. Ela percebera o efeito causado, sentiu-se lisonjeada, que não resistiu a virar-se para trás duas vezes e verificar que eu continuava no mesmo lugar a segui-la com o olhar. Quando me relatou este episódio, lembrei-me de imediato de tudo e de também dessa vez ter pensado que vira a mulher mais bela da terra. Pouco adiantámos na conversa porque o intervalo terminara. Da conferência não ouvi mais nada, só tinha olhos para ela, sentada noutro extremo. A verdade é que o nosso olhar se cruzou diversas vezes. No final, fomos almoçar juntos, os dois.
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Teresa Machado
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Isalita Pereira
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Joaquim Alexandre Rodrigues
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Vitor Santos