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Tom de Festa: Uma homenagem que é um ato de gratidão que a ACERT tem para com António Quadros

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 Tom de Festa: Uma homenagem que é um ato de gratidão que a ACERT tem para com António Quadros
12.07.23
fotografia: Jornal do Centro
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 Tom de Festa: Uma homenagem que é um ato de gratidão que a ACERT tem para com António Quadros
21.12.24
Fotografia: Jornal do Centro
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 Tom de Festa: Uma homenagem que é um ato de gratidão que a ACERT tem para com António Quadros

Comecemos pela ligação de António Quadros a Moçambique e ao facto de lá ter passado uma grande parte da sua vida. Não poderá haver um certo paralelismo em relação à ligação de António Quadros a Moçambique e ao facto de o Tom de Festa trazer muitas vezes artistas ligados a sonoridades mais africanas?
Tudo se conjuga. As coisas não estão separadas, naturalmente, mas o conhecimento e a ligação que a ACERT estabeleceu, ainda em vida, com António Quadros, foi antes daquilo que se pode chamar a sua relação afetiva com Moçambique. Estamos a falar de cerca de 1990. Só posteriormente conhecemos que parte da sua vida foi passada em Moçambique, e por acaso, também nós em 1993 fomos o primeiro grupo de teatro a adaptar os contos de Mia Couto a teatro. Por acaso o António Quadros foi ver o espetáculo, e nós tivemos uma grande estima em tê-lo na plateia e em falar com ele de seguida. Eram contos africanos, que adaptámos a teatro, mas não o fizemos de forma exótica, ou seja, tentando imitar o que quer que fosse, ainda que a dramaturgia e o conteúdo dos contos nos dissessem muito, mas nós lemos teatralmente esses contos de acordo com o conhecimento que tínhamos de Portugal. Foi aí que realmente também houve uma relação de grande proximidade, porque o António ia acompanhando também o próprio trabalho da ACERT. António Quadros foi uma personalidade muito marcante da vida cultural e artística moçambicana. Digo-o mesmo sem errar. Inclusive nas antologias poéticas de Moçambique aparece o nome dele, como João Pedro Grabato Dias, que era um dos seus heterónimos, e que aparece como um autor moçambicano. Isto prova bem as ligações que ele teve ao núcleo de arte e ao próprio Malangatana. 

Não deixa de ser interessante como António Quadros também teve uma ligação bastante forte com a arte cénica em Moçambique. Não terá havido uma oportunidade de haver algum tipo de influência ou de troca de ideias em relação às artes cénicas em Moçambique e àquilo que a ACERT fazia?
Não, tudo isso foi posterior ao nosso conhecimento do António Quadros. É aquilo que nós chamamos as coincidências que não são coincidências, ou seja, as vidas das pessoas cruzam-se, a vida e os próprios momentos de paixão muitas vezes se cruzam e quando menos esperamos isso acontece. O caso do António Quadros é exatamente isso. Não o procurámos como uma personalidade ou pela razão de ter estado em Moçambique. Descobrimo-lo, convivendo com muitos dos seus amigos e, principalmente, encontrando sinais de uma obra que ele deixou, não literária, mas enquanto cidadão ativo no processo, especialmente no período colonial. Ele pertencia a uma geração que também escolheu Moçambique exatamente como uma fuga ao próprio regime que se vivia aqui, porque era uma pessoa fortemente engajada politicamente contra a ditadura. Depois lá, após a independência, foi uma personalidade muito marcante.

António Quadros, além de conhecido pintor e escultor, foi também um artista muito ligado às letras…
Teve “40 e tal Sonetos de Amor e Circunstância e Uma Canção Desesperada” (1970), “O Morto” (1971), as “Quybyrycas” (1972), entre muitos, que são uma vasta obra literária que o coloca efetivamente como um poeta proeminente do século XX português, infelizmente tão pouco conhecido. A razão de ele ser, digamos, o patrono do Tom de Festa, tem que ver com um ato de gratidão que a ACERT tem para com a sua obra, e também achar-se na obrigação de tornar a obra dele mais conhecida, não só no concelho, mas por todo o país. Não é por acaso que o único livro que saiu após a morte dele foi agora a coletânea da editora Tinta da China, que tem prefácio de Pedro Mexia, que coordena essa edição, e, portanto, desde que ele morreu nunca mais houve qualquer reedição. Foi pintor, poeta, professor de altíssimo pilar, ceramista, arquiteto muito inovador, apicultor, veja que até descobriu um tipo de abelha portuguesa! Além disso foi agrónomo, artista gráfico, e todas estas facetas levam a que muita gente o considere um homem da renascença.

O verdadeiro significado da palavra “artista”, portanto…
Sim, um artista, mas muito disciplinar, e com um grau de cultura sobre diversas matérias e uma produção literária e ao nível das artes plásticas que é muito marcante. Tanto nos museus, por exemplo, da Fundação Calouste Gulbenkian, como em Paris, onde estão algumas das suas obras, além da sua vasta obra poética que realmente tem uma identidade muito própria. É proeminente o trabalho de Grabato Dias assim como dos seus outros múltiplos heterónimos, como Frey Ionnes Garabatus e Mutimati Barnabé João. Tudo isso são nomes com os quais ele editou livros que são verdadeiramente preciosidades da literatura portuguesa do século XX.

Sendo António Quadros o patrono do Tom de Festa, o que está preparado para o homenagear?
A nível prático, por um lado, temos a primeira atividade logo na abertura, que vai decorrer em Molelos. Aqui vai decorrer uma soenga. É no fundo uma iniciativa que nós lançámos à Associação Portuguesa de Cidades e Vilas de Cerâmica, que era fazer uma homenagem aos ceramistas portugueses, em que 30 ceramistas de todo o país criaram peças que vêm em cru, e que são depois cozidas na soenga, ficando depois em barro preto de Molelos. Depois, teremos também a exposição “Haverá um Lugar”, que é uma exposição que a ACERT produziu e que dá a conhecer a vida e a obra de António Quadros, sob o ponto de vista simbólico, mas onde o público poderá aperceber-se dessas várias facetas de António Quadros. É uma exposição que também abrirá no dia 13 conjuntamente com as peças de cerâmica que virão da soenga. Por outro lado, também temos no dia 15 uma rúbrica que se chama “Conversas ComDão”, que é uma conversa com pessoas que foram importantes na sua relação com António Quadros, na área das artes plásticas, do ensino e também da poética. Será uma conversa com o público onde também este conjunto de pessoas amigas de António Quadros vão partilhar as suas vivências com ele. Nesse mesmo dia, a abrir a noite do Tom de Festa, temos um espetáculo criado especialmente para o festival, que se chama “Amor e Circunstância”, que é um espetáculo que pretende que António Quadros se mantenha sonoramente vivo, entre nós. São um grupo de 15 músicos, do qual fazem parte a Amélia Muge, que foi a autora que mais musicou a poética de António Quadros, mas também músicas de Zeca Afonso, que também fez muitas músicas conhecidas, mas que pouca gente sabe que a letra é de António Quadros. O Carlos Peninha, músico da região, também musicou um poema de António Quadros que irá ser interpretado neste concerto. Temos convidados especiais como Filipa Pais, João Afonso, como o grande pianista Filipe Raposo. É um concerto cuja intenção maior é ter efetivamente António Quadros musicalmente vivo, porque ele também foi um escritor destas canções tornadas públicas e relevantes ao divulgarem a obra poética de António Quadros.

Está previsto algum tipo de programa ligado ao António Quadros nas próximas edições ou haverá alguma intenção, pensando na própria cidade, de fazer algum tipo de projeto artístico ou museológico ligado a artista?
A sua pergunta tem um sentido que é muito importante. António Quadros está permanentemente no nosso pensamento, na nossa forma de agir, porque nos identificamos muito com aquilo que ele escreveu e que fez. Há um contributo permanente que está dentro de nós. Ter este enfoque, no fundo, num festival futuro, com certeza que não vai acontecer. Vai ser, isso sim, sempre uma força impulsionadora, sentimental e afetuosa. A própria atividade da ACERT sempre foi feita de uma grande espontaneidade e de uma grande autenticidade. Este primeiro passo de certeza que irradiará para outras iniciativas que não sejam só da ACERT, porque a exposição, por exemplo, vai circular por escolas e por quem a solicitar. Este encontro com os seus amigos, com os seus alunos e restantes pessoas irá, com certeza, despoletar outras ações, que é esse o objetivo da ACERT, e não a apropriação de António Quadros. Fazer com que um conjunto de pessoas que tiveram esse relacionamento e que têm idêntico sentimento relativamente à divulgação da obra possam fazer outras ações numa forma de continuidade.

Tentar prolongar, portanto, de forma indireta, o legado artístico de António Quadros…
Exatamente. A ACERT estará, dentro das suas possibilidades, em todas as ações que venham a ser feitas e para as quais alguém o solicite. Por outro lado, ficaríamos encantados de ver por este país fora outras iniciativas promovidas por outras pessoas, por outras organizações que tivessem a mesma finalidade. A ACERT procura unir, à volta de António Quadros, todo um conjunto de pessoas que, juntas, podem fazer muito por aquilo que no fundo nos leva a associarmo-nos, que é tornar mais visível a obra de um grande intelectual português

 Tom de Festa: Uma homenagem que é um ato de gratidão que a ACERT tem para com António Quadros

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