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Ativismo? Sim! Extremismo? Não!

 Ativismo? Sim! Extremismo? Não!
08.10.23
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 Ativismo? Sim! Extremismo? Não!

A juventude não está perdida, não me apanham nessa armadilha. A juventude é diversa, e, no combate às alterações climáticas, temos bons e maus exemplos. Não deixemos que uns quantos arruaceiros – extremistas – manchem toda uma geração de ativistas que merece o nosso respeito e que se bate, com toda a legitimidade, por um futuro melhor, consentâneo com os seus sonhos e legítimas aspirações.

O ministro do Ambiente e da Ação Climática foi atacado em palco com tinta verde na aber tura da CNN Portugal Summit. Depois do susto inicial, algo normal, o comportamento do governante foi exemplar, de uma lisura à prova de tintas, ovos, trauliteiros, extremistas e radicais. Parabéns Duarte Cordeiro!

Estes atos têm repercussões mediáticas, os meios de comunicação adoram-nos e promovem-nos, eu reprovo-os em toda a linha. Sou apologista do ativismo inteligente, civilizado e consequente (Utopia? Não me parece!). Nesta perspetiva, gostava que fosse dado o mesmo tempo de antena aos seis jovens portugueses envolvidos no processo relacionado com as alterações climáticas que leva 32 países europeus, incluindo Portugal, ao Tribunal Europeu. A Sofia dos Santos Oliveira (18 anos), o Martim Agostinho (20 anos), o André dos Santos Oliveira (15 anos), a Cláudia Agostinho (24 anos), a Catarina dos Santos Mota (23 anos) e a Mariana Agostinho (11 anos), conseguiram um feito histórico, do qual se devem orgulhar, levar as questões da inação climática ao Tribunal Europeu. Os jovens usam a lei, são suportados por cerca de 20 advogados da Global Legal Action Network (GLAN), para materializar o seu ativismo. Merecem respeito, apoio e aplausos. É assim que se faz, em democracia, doa a quem doer. É neste tipo de ações que me revejo e nas quais deposito esperança para que ocorra a mudança que se impõe.

Admito que possa ser necessário, em alguns momentos, uma ação mais musculada, com recurso a megafones, palavras de ordem, caricaturas, tarjas, cartazes, humor, sátira, bloqueios. Mas, condeno toda e qualquer ação que ponha em causa a integridade física, a dignidade do ser humano e as instituições. Atirar tinta a obras de arte, partir montras, arrancar estátuas, danificar o mobiliário urbano, invadir e boicotar sessões de apresentação de livros podem ser ações muito cool, dão uns quantos minutos nos ecrãs, o tal minuto de fama, mas apenas servem para intensificar populismos, extremismos e a já larvar falta de respeito para com o outro. Há quem diga que não estava em causa a pessoa do Duarte Cordeiro, compreendo que o ataque foi a um membro do Governo, à EDP e à GALP, mas o ministro não deixa de ser um ser humano que nos representa a todos, tenhamos ou não contribuído, através do voto, para a sua eleição.

Quando vi as jovens a arremessar os objetos e as suas palavras de ordem e declarações, veio-me, imediatamente, à cabeça a imagem de alguns “ativistas pelo clima”, de há mais de 20 anos (a luta não é nova…), que após o discurso entravam no seu jeep de alta cilindrada, pago pelos papás, arrancavam a grande velocidade, deixando, para os que ficavam a pé, que tinham ajudado a entoar palavras de ordem e a colar cartazes, o fumo saído do escape do 4X4. Memórias!

Os argumentos são válidos, poucas dúvidas restarão para a maioria das pessoas, mas não pode nem deve valer tudo. São atitudes como estas que afastam os mais ponderados de uma luta justa, urgente e necessária, de todos e não de algumas almas que se autoproclamam, investidas de supostas qualidades superiores, um quase endeusamento, de salvadoras da pátria e até do planeta. Desafio os jornalistas a investigarem estas jovens extremistas para procurarem saber que ações efetivas já realizaram que impactem na melhoria da qualidade do planeta.

Jovens, pelo enorme respeito que nos merecem e pela esperança que depositamos em vós, não deixem que a Greve Climática Estudantil seja estéril porque conotada com algo pueril ou imbecil. Lutem para honrar abril, pelo direito à manifestação e à liberdade que não se deve confundir com libertinagem e supressão dos direitos dos outros.

 Ativismo? Sim! Extremismo? Não!

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