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Joaquim Alexandre Rodrigues
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Miguel Varzielas, ortopedista no Hospital CUF Viseu
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Rita Andrade, Enfermeira Especialista em Enfermagem Comunitária, UCC Viseense
Podia ser mais um jogo dos campeonatos distritais, mas a queda de um jogador inanimado em campo, ficou certamente na memória dos adeptos que assistiam ao Nespereira – Sátão, da Divisão de Honra da Associação de Futebol de Viseu.
Francisco Santos preparava-se para entrar em jogo. Esteve durante toda a primeira parte no banco e no momento em que aquecia para entrar em campo, um dos adversários caiu.
O jogador da Associação Desportiva de Sátão apercebeu-se de que algo não estava bem, mas encontrava-se do outro lado, na baliza contrária. Houve um choque de cabeças entre dois jogadores, depois de um livre lateral batido para a área. Um dos jogadores caiu inanimado.
“Conforme me apercebo do aparato, a minha equipa e o meu treinador disseram para ir lá. Sabem que sou médico e dirigi-me lá. Os elementos da equipa técnica do Nespereira deixaram-me controlar a situação por ter experiência. O jogador estava com algumas dificuldades, mas recuperou a consciência”, começa por dizer Francisco Santos ao Jornal do Centro.
O atleta relata que depois de perceber que o jogador recuperou a consciência, o que fez foi um exame neurológico sumário. “Passa por ver os movimentos dos olhos, a forma como fala e comunica, ver se a pessoa percebe onde está e avaliar a força dos membros e sensibilidade”, descreve.
Francisco garante que, junto à equipa médica do Nespereira, aconselhou o colega de profissão a sair de campo. “Falei com ele e disse-lhe que ali não havia futebol ou equipas adversárias, que se fosse da minha equipa lhe diria o mesmo. Disse-lhe que a decisão era dele mas que, na minha opinião, deveria sair. No entanto, que se sentisse bem, continuasse, mas para, ao mínimo sinal de tonturas ou esquecimento, fosse substituído. Decidiu continuar e continuou bem e recuperou sem qualquer mazela”, explica.
O árbitro do jogo, Carlos Silva, atribuiu a Francisco Santos o cartão branco. “Quando entrei em campo, o árbitro disse-me para esperar no final do jogo, que me ia atribuir o cartão branco pela minha atitude. E assim foi”, frisa o jogador do Sátão.
No regulamento do Cartão Branco da Associação de Futebol de Viseu, pode ler-se, na alínea d do capítulo II, “que é suscetível de configurar uma conduta adequada à exibição de Cartão Branco a um jogador ajudar o adversário numa situação em que o mesmo necessite”.
A atitude de Francisco Santos enquadra-se neste ponto. Um cartão que, escreve a Associação, “visa reconhecer, destacar e recompensar comportamentos eticamente relevantes, praticados por jogadores, treinadores, dirigentes e outros agentes desportivos, bem como por espectadores e adeptos”.
Francisco Santos refere que “alguns campos [do futebol distrital] têm desfibrilhador automático externo”. “Acredito que haja clubes que não têm. Deveria ser obrigatório para praticar futebol federado”, defende.
O jogador, que é médico, vinca que “a prática é clara e não deixa dúvidas de que um aparelho e alguém que o saiba usar, pode salvar vidas”. “A probabilidade de salvar uma vida com e sem desfibrilhador é completamente diferente”, aponta.