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O arquiteto Francisco “Pitum” Keil Amaral apresenta este sábado o seu mais recente livro, intitulado “Boas Festas – Precisamos delas a vida inteira. A apresentação será realizada no Museu Keil Amaral.
No livro, Pitum reuniu 74 desenhos inseridos em cartões de Boas Festas, que abrangem um total de 67 anos. O postal mais antigo remonta a 1955, e o mais recente foi realizado e enviado no final do ano passado. Estes desenhos foram pensados e realizados pelo arquiteto, compondo um conjunto de valor não apenas artístico como também histórico.
“Havia uma tradição muito grande de mandar cartões de boas festas de bom Natal. Em minha casa, a minha mãe fazia cartões encomendados pelos CTT”, explicou ao Jornal do Centro o arquiteto e artista. “Em família, estava habituado a ver cartões de boas festas. Como tinha pretensões a desenhar e a ser um pequeno artista, começaram a encomendar-me coisas, a minha avó e assim, e eu comecei a fazer uns cartões.” Tendo ganho o gosto a este projeto de final de ano, Pitum acabaria por fazer cartões todos os anos. Por força do tempo e por “ser desarrumado”, alguns dos cartões não foram encontrados, outros conseguiu encontrar com a ajuda de amigos, mas mesmo assim existem “algumas falhas”.
Os desenhos feitos por Pitum por esta altura são inspirados em dois temas, considerados fundamentais para o arquiteto. Um é a família e a sua evolução, com “o crescimento dos filhos e dos netos”. O outro tema é a situação do mundo e do país no ano em que os postais são feitos. “Infelizmente os últimos cartões de boas festas são tristes. O mundo também não está nada alegre, de maneira que quando chega ao fim do ano os cartões, por mais que eu me esforce, saem coisas tristes”, contou Pitum Keil Amaral.
Noutros momentos, como aquando do 25 de abril, com “toda aquela agitação dos protestos na rua e reivindicações”, Pitum aproveitou para retratar o que se passava com algum humor. “Dei sempre um toquezinho de humor para animar as coisas, é uma característica pessoal que eu não consigo deixar de ter”, disse.
Cada postal presente no livro vem acompanhado de um pequeno texto de contextualização, que explica o processo por trás da sua criação. A única exceção na vida de Pitum em relação ao envio de postais, foram os seis anos que passou em Moçambique com a sua mulher, Lira. “Além de termos muito que fazer, era uma dificuldade porque não se conseguia revelar fotografias, depois não havia papel ou tinta e os correios também eram duvidosos”, explicou.
Para o arquiteto, o mais interessante tem que ver com o número de pessoas para quem costuma enviar os postais. “Li num livro qualquer de psicologia que as pessoas ao longo da sua vida costumam relacionar-se com cerca de 150 pessoas. Eu realmente fui fazer contar nos últimos 20 anos e mandei sempre mais do que 150 cartões, até rebentei com a escala”, disse, por entre risos. “Mas acaba por me dar gosto e à minha família também. Já tive um reparo da minha filha mais nova que me disse ‘pela tua saúde, este ano toda a gente está desanimada, por isso faz uma coisa alegre’”.