No terceiro episódio do programa “Bem-Vindo a”, tivemos o prazer de conversar…
São mais de 100 presépios, de diferentes tamanhos e construídos ao longo…
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Teresa Machado
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Isalita Pereira
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Joaquim Alexandre Rodrigues
A ideia que suporta a palavra crise é ambígua e vai dos antigos gregos, onde significava um momento de evolução, até aos chineses que a dividem entre perigo/oportunidade. Fica-se também com a ideia de que a crise tem sempre um olhar pessoal, tal como no poema de António Gedeão (Impressão Digital) e que termina assim: “Onde Sancho vê moinhos/D. Quixote vê gigantes”. Também é bom que assim seja, nos tempos que correm há que ver e ouvir, mas depois pensar pela própria cabeça.
A história ajuda-nos a levar o passado a sério para podermos entender o presente. Ela já nos mostrou quase tudo, nós é que não aprendemos e acabamos por vestir tudo de novidade, do aconteceu pela primeira vez. Verdades? Nunca existe só uma verdade! Tive um professor, que quando estudámos a Gestão do Conflito avisava-nos sempre: “Quando quiserem saber quem é o culpado de um conflito, olhem bem para quem ganhou com ele. Esse é o culpado”!
Se pensarmos bem, a fonte da democracia permite as alternativas, promove as críticas, as avaliações, os conflitos…E porque será? Porque o Poder é um lugar vazio que é sempre ocupado provisoriamente. Porque o peso e o suporte das ideologias tornou-se superficial e deu lugar a uma competição entre pessoas. Essa foi a primeira traição á política, porque ela é, na sua essência, um Sistema de Inteligência Coletiva. Com essa traição nasce o primeiro paradoxo, esperar dos governos uma ação e comportamento de heróis, quando os devíamos remeter para que fizessem funcionar o tal Sistema de Inteligência Coletiva. Fomos nós, a incapacidade da Sociedade, que fabricou a democracia que temos hoje e que é feita de negacionismos e negativismos. Quer dizer, um sistema de baixa confiança, onde o fazer bem ou mal tem o mesmo alarido, dependendo apenas do lado em que se está. Com isso acabámos por fazer do escândalo uma verdadeira estrela, que supera qualquer boa notícia!
É difícil falar hoje em democracia, quando a política já se desvanece e se abrem as portas ao vazio. Lá vem depois as cruzadas contra os populismos, quando o mal está nas práticas políticas das democracia, quando são elas que tem que mudar e recuperar a confiança perdida! A nossa democracia, a nossa prática política e basta olhar, está reduzida a uma luta entre pessoas, todos eles com virtudes e pecados. Mas já nada interessa ver nessas pessoas, apenas descobrir de que são culpadas. Aquilo que precisamos mudar e construir são as estruturas, as práticas e criar interações com e na Sociedade, uma Sociedade que devia ser pensante e ativa. Não são as pessoas superdotadas que fazem os bons governos, já os tivemos por várias vezes e as expetativas não se confirmaram. E porque terão falhado?
Porque os sistemas envolventes, os governos enquanto equipas, a sociedade civil, as normas, regras e estruturas não funcionaram. Porque ser oposição é sempre destruir e não ajudar a construir. Porque o Mundo se tornou mais complexo, não suporta ser gerido com simplicidade e quando isso acontece lá vem a máscara do autoritarismo. Porque carregamos ainda o peso da Era Industrial onde tudo era linear, feito para procurar culpados fáceis e completamente indiferente ás boas intenções. Trocámos tudo pelos valores absolutos, pelo sim/não, bem/mal, esquerda/direita e por lideranças fabricadas e supostamente carismáticas. Afinal o que é um Bom Governo?
É ser capaz de decidir no meio de toda esta confusão, contingências, instabilidade, crises nossas ou alheias e porque já não há resultados milagrosos ou previsões seguras; um bom governo é aquele que consegue criar ambientes onde a Sociedade é capaz de pensar no que quer para si e fazer-se ouvir; o bom governo é aquele que consegue sair do gueto partidário, centrar-se no país e falar uma linguagem que todos entendam.
Os partidos fizeram da política um sistema fechado que a entropia destrói. Fizeram o contrário das Ciências da Vida que se focou na relação e na interação. Esqueceram que a Sociedade é um Organismo Vivo de que a política faz parte. Enquanto Organismo Vivo, a gestão e liderança dos seus órgãos, das suas instituições faz-se simultaneamente com autonomia e interdependência e não de forma mecânica. A nossa prática política está em contraste com o mundo e o tempo atual, porque não podem ser os dirigentes partidários a controlar tudo, não podem e nem sabem! O Mundo é feito de redes e não de cadeias de produção! É por isso que temos o país inteiro a reclamar descentralização e regionalização. O bom governo deve ter relações horizontais e não de cima para baixo, porque em democracia o poder está em toda a parte e não pertence nominalmente a ninguém.
Claro que depois há aquela ansiedade febril pelas maiorias, porque já não se consegue governar doutra forma. Isso leva-me aquela analogia de Benjamin Franklin: “A democracia consiste em dois lobos e um cordeiro votarem sobre o que vão jantar.” Um sistema onde as diferenças não conseguem dialogar, concluir, decidir já não é uma democracia ou então vivemos numa “Democracia de Incompetentes”. E porquê? Porque falta Opinião Pública que entenda os processos políticos corretamente, com independência intelectual, onde não pensem todos da mesma maneira e nem sejam meros comissários dos partidos. Porque ainda não conseguimos criar a tal Inteligência Coletiva Ativa. Incompetentes, porque permitimos movimentos regressivos, o andar para trás e não para a frente, o regresso dos populismos, autoritarismos, passividade, valorização do escândalo e a encenação. Isto é a repetição da história e nós queremos alguma coisa digna do tempo novo!
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Teresa Machado
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Isalita Pereira
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Joaquim Alexandre Rodrigues
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Jorge Marques
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Vitor Santos