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1. A Argentina acaba de eleger Javier Milei, um produto dos talk-shows televisivos e das redes sociais, com um projecto “anarco-libertário” estranho.
Ao contrário do que se diz para aí, o homem é tudo menos de extrema-direita, ideologia que é sempre por “mais estado”. Durante a campanha eleitoral, Javier foi uma mistura de Bakunine com Leatherface, de moto-serra nas mãos, pronto a demolir as instituições.
Milei branqueia os crimes da ditadura militar argentina (1966-1973), põe em causa o resultado das eleições norte-americanas de 2020 e das brasileiras de 2022 e, até as ter ganho, pôs também sempre em dúvida a seriedade das eleições do seu próprio país. Isto é, o presidente argentino foi feito na mesma fábrica que produziu Trump e Bolsonaro. A democracia argentina está em risco.
E se Milei, quatro décadas depois, faz uma nova invasão das Malvinas?
2. Depois de ter aumentado a presença militar junto à fronteira com a Guiana, no primeiro domingo de Dezembro, o ditador Nicolás Maduro vai fazer um referendo com esta pergunta aos venezuelanos: “Está de acordo com a criação do estado da Guiana Essequiba (…) incorporando como consequência esse estado no mapa do território venezuelano?”
Está em causa um território com 160 mil quilómetros quadrados pertencente à Guiana, um país com as fronteiras reconhecidas há muito pela comunidade internacional, embora não pela Venezuela.
Com a ajuda da revista Veja, fiquemos com mais um detalhe: no Natal de 2019, a Guiana recebeu “a confirmação de um grande prêmio da loteria geológica: o petróleo começou a jorrar”. Jorrou com tanta força que, em quatro anos, a Guiana, que era o país mais pobre da América Latina, já quadriplicou o seu PIB. O que fez despertar os apetites do seu vizinho.
O que é que Maduro vai fazer com o “sim” esmagador dos venezuelanos no referendo de 3 de Dezembro? Há muitas teorias e três certezas:
— a violação das fronteiras da Ucrânia pela Rússia abriu uma caixa de Pandora;
— Maduro é um pau mandado de Putin;
— o Kremlin está a beneficiar com a guerra Hamas/Israel e ficará deliciado se a confusão se estender também à América Latina.
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