No terceiro episódio do programa “Bem-Vindo a”, tivemos o prazer de conversar…
São mais de 100 presépios, de diferentes tamanhos e construídos ao longo…
por
Teresa Machado
por
Isalita Pereira
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Joaquim Alexandre Rodrigues
O ato de votar é sobretudo intuitivo. Se pensarmos bem, como é normal, serão muito poucos aqueles que fizeram algum tipo de estudo sobre política. Aliás, isso é bem claro, se pensarmos na quantidade de pessoas que se acha mais inteligente por dizer que os políticos são corruptos e que os políticos não são bons e que os políticos sei lá o quê. Estes discursos são claramente intuitivos, pois, ao dizerem isso, tornamse eles próprios políticos que não pensaram muito sobre o assunto. Um opositor a um regime é político e até um abstencionista é político. Todos são políticos, a partir do momento em que se exprimem e pensam os assuntos públicos e políticos. Podem não ser liberais, ou monárquicos ou comunistas, mas são políticos. Assim, temos uma democracia que é de todos, porque todos são políticos. Claro que temos, por isso, uma gigantesca proporção de políticos sem formação que gerem a sua ação política por instinto.
Este raciocínio elementar permite acrescentar que estamos perante um paradoxo significativo no que toca ao papel dos jornalistas. A existência de jornalismo livre é resultado de vivermos em democracia. Só há democracia se houver jornalismo livre. Isto é absoluto e irrebatível.
Daqui advém a maior responsabilidade dos jornalistas: zelar pela verdade, garantindo a continuidade do regime democrático. O paradoxo reside no novo desafio que se depara aos jornalistas: as forças que se opõem à democracia estão a emergir disfarçadas de partidos democráticos. São partidos antissistema, ou seja, antidemocráticos e pró-ditadura. O trabalho democrático dos jornalistas fica claramente comprometido com a existência e vitória destes partidos. Qual o lugar dos jornalistas perante estas novas forças antidemocráticas? Devem tratálos como partidos normais e dar-lhes tempo de antena só porque têm deputados eleitos?
Acrescente-se aqui o facto de os jornalistas serem a principal fonte de informação para todos os votantes que não são doutorados em política e intuem as suas escolhas de forma mais ou menos ponderada. Estamos perante um dos maiores desafios do século.
Penso que as soluções deverão passar pela mudança de critérios e práticas editoriais perfeitamente ultrapassadas, refletindo muito, antes da emissão e dos destaques feitos a discursos antidemocráticos e condenando-os sempre. Até pode haver pressa na publicação de conteúdos, mas nunca naqueles que envolvam agentes antidemocráticos. Poderá o leitor assumir que isso é limitar o direito a que todos se expressem mediaticamente. Lembro que o jornalismo não é uma rede social sem administrador. É um trabalho feito por profissionais comprometidos com a democracia e não com as ditaduras. As associações fascistas são constitucionalmente proibidas em Portugal. Quem não gosta, terá de aceitar ou mudar-se. Não devemos perder o que foi conquistado, arriscando um recuo civilizacional em nome da ignorância e do enriquecimento de novos corruptos ambiciosos.
Devemos lutar pela democracia apesar de todos os seus defeitos, mesmo quando há políticos corruptos, mesmo quando eles tenham arruinado o país, mesmo que não confiemos nos votantes. Mais nenhum regime político assume que somos todos iguais perante a lei; mais nenhum regime assume que a lei é igual para todos e superior aos governos; mais nenhum regime garante que o poder é rotativo e que, nem que seja apenas por essa razão, os governos se vejam obrigados a tentar manter as maiorias satisfeitas. Não é perfeito, mas é o menos imperfeito dos regimes políticos. Quem disser o contrário, só está a intuir, sem ter realmente estudado e ponderado todos os argumentos.
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Teresa Machado
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Isalita Pereira
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Joaquim Alexandre Rodrigues
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Jorge Marques
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Vitor Santos