No terceiro episódio do programa “Bem-Vindo a”, tivemos o prazer de conversar…
São mais de 100 presépios, de diferentes tamanhos e construídos ao longo…
A taróloga Micaela Souto Moura traz as previsões do Tarot, na semana…
por
Joaquim Alexandre Rodrigues
por
Jorge Marques
por
Vitor Santos
Fiquei por casa. Às vezes sem saber que fazer. Acabei de ler Le Monde Diplomatique. É um jornal interessante, esclarecedor sobre os mecanismos por detrás dos fenómenos políticos, económicos e sociais. Não basta a notícia dos acontecimentos, o que importa é a sua compreensão. E este jornal preocupa-se com a construção de uma visão crítica. É claro que depois da leitura não ficamos nada contentes com a degradação do mundo. Perceber que a riqueza que existe é produto de uma exploração desenfreada, da corrupção, da especulação financeira, e que o próprio crime é uma das suas fontes, deixa-nos desanimados e pessimistas. Mas penso que sempre terá sido assim, em qualquer época. A riqueza das nações tem passado pela conquista, pilhagem, domínio, pirataria, escravatura, exploração, usura, etc. Será que a globalização económica conduzirá a uma globalização da consciência crítica? À criação de um Estado de Direito global? Caso contrário, como se fará a oposição ao poder transnacional dos donos da riqueza?
Depois de contaminado com as dores do mundo, e porque é domingo, saí de casa com o propósito de me lavar de tanta escória. Fui em direção da praia, desci à areia e aproximei-me da linha de água. O mar estava manso na sua imensidão domada pela luz de um amarelo sujo do pôr do sol. Arregacei as calças e caminhei sobre o cansaço final das ondas. Fez-me bem a água fria. Lavou-me os pés da transpiração das sapatilhas, arejou-me a alma das tormentas do mundo. Pensei que deveria dispensar-me destas preocupações mundiais. Os homens não param, a história não se detém, tudo sempre em alvoroço, em abandono, em ruína, em revoluções. Mesmo que me torne a pessoa mais consciente do planeta, mesmo que fomente um grupo de pessoas empenhadas na mudança, mesmo que isto e aquilo, o melhor é o recolhimento na cela, como um monge. O mundo não se importa nem com o homem de boa vontade nem com o eremita. Rola indiferente, como estas ondas que se quebram há milhões de anos, aos pés de um Ulisses, aos pés do Infante ou aos meus. A cegueira das ondas é a mesma da história. Se não, vejamos: que consideração teve a história face ao amor de minha mãe pela sua terra adotiva? Pelas suas lágrimas, pelos seus lamentos, pela sua dificuldade em compreender que tinha de abandonar aquela terra por ela amada? Nenhuma. Nem por ela, nem por outros milhares que há dez anos tudo deixaram para trás. A cegueira da história é pior que a das ondas. Aquela traduz a cegueira dos homens.
E assim pensava enquanto o mar me lambia os pés com água e sal e indiferença.
por
Joaquim Alexandre Rodrigues
por
Jorge Marques
por
Vitor Santos
por
José Carreira
por
Alfredo Simões