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Jorge Marques
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Estas semanas têm sido uma afronta à herança de Abril com manifestações nazis e enaltecimento de partidos racistas e xenófobos nos órgãos de comunicação social. Sente-se a perda de algo de puro desse dia claro. A comunicação social tem-se permitido descrever e transcrever discursos que são contra a liberdade de género, contra a diversidade étnica e a erradicação da pobreza, contra o apoio do Estado a quem mais precisa e a favor da violência… É ponto assente: esse discurso é suicidário. O jornalismo livre só pode existir, na medida em que é contra a violência e o fascismo; se os propaga e normaliza, está a condenar a sua própria existência.
Compreendo que os movimentos revisionistas e fascistas aprenderam a contratar profissionais de comunicação para a sua ação junto do público. Compreendo que a academia andou a formar esses profissionais, esquecendo muitas vezes a sua formação humanista e ensinando que o lucro é o objetivo final. Também compreendo que há um vício de forma que nos diz que o crescimento económico é o valor supremo e que, como tal, seja aceitável ensinar que o único objetivo de um profissional seja obter lucro.
Por isso insisto na necessidade de um contra-ataque comunicacional para inverter esta tendência que aumenta o ódio e nos vira uns contra os outros. Está na hora de o jornalismo comunicar adequadamente quanto custa verdadeiramente uma consulta no SNS, quanto custa uma aula no Ensino Superior Público, quanto custa cada quilómetro de estrada em que circulamos, quanto custa um semáforo e um poste de iluminação pública. Está na hora de o Estado também saber comunicar as nossas conquistas. Não podemos desvalorizar tudo o que nos rodeia e achar que as pessoas que negam a ciência são a solução. O fascismo destruiu a vida dos nossos avós e assassinou aqueles que discordavam… É urgente relembrar diariamente as conquistas da nossa democracia. É urgente contar a narrativa da vitória sobre a pobreza. Falta visão sobre o caminho percorrido. Há uma sensação de estarmos sempre a correr atrás do prejuízo….
Há uns anos, numa conferência académica, o convidado, candidato a eurodeputado, perguntava ao público quem é que gostava de pagar impostos. Ele tentava explicar que o Estado é ladrão e que estávamos melhor sem ele. O senhor candidato, professor convidado de uma universidade lisboeta da moda, estava convencido da sua grande verdade e queria ser eleito pelo Estado dizendo mal do Estado. O público não reagiu e eu levantei o braço. Naturalmente que o senhor se baralhou. Ali dentro, no meio de cem pessoas, havia um indivíduo que gostava de pagar impostos. Ele não percebeu o meu ponto de vista e eu percebi que, pela sua incompetência intelectual, ele não percebia o conceito de bem comum.
Digo mais. Adoro pagar impostos que garantam que tenho saúde, educação e paz. Por pagar impostos é que sou tão exigente com o Estado e jamais votaria em alguém que se compromete em tentar destruir aquilo que levantámos todos juntos.
Temos os conceitos trocados e achamos que há mais corrupção por apanharmos os corruptos. Na verdade, apanhamos os corruptos porque temos mais justiça que os apanha e os prende graças aos impostos que pagamos. Temos os conceitos trocados e achamos que o SNS é só um problema e não uma solução que precisa de cuidados. Na verdade, conseguimos ultrapassar a pandemia porque atingimos quase 100% de vacinação em tempo recorde graças ao SNS e aos impostos que pagamos. Temos os conceitos trocados e achamos que estamos na cauda do mundo… Esquecemo-nos que os imigrantes vêm para Portugal porque se vive cá melhor. Os subsídios existem para garantir que não mais se morrerá à fome em Portugal e não representam nenhum problema para a despesa pública. Quão cruel pode ser alguém que ache que a miséria e a pobreza são culpa dos pobres?
Estes discursos têm singrado porque lhes têm dado voz. Senhores jornalistas: contem a narrativa da paz. Repudiem o ódio e não permitam tornar-se câmaras de ressonância de quem vos odeia e teme a vossa voz. A ausência de bom jornalismo é o chão onde morrem todas as sementes de esperança.
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Jorge Marques
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Eugénia Costa e Jenny Santos