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A dualidade está hoje presente em quase tudo e naturalmente que também na vida política. A própria realidade tornou-se menos clara. Por isso, para entendermos melhor essa realidade, vamos precisar da desconfiança, reflexão, paciência, atenção ao pormenor e tentar ver o outro lado das coisas. O momento político é pedagógico e adequado!
Nessa política, estamos confrontados com uma primeira dualidade, o medo e a confiança no futuro. Isto já tem pouco a ver com a dialética direita/ esquerda! Hoje ambas jogam no mesmo tabuleiro e também porque existem várias direitas e várias esquerdas. Hoje os partidos são organizações que procuram aceder ao poder através de uma competição pelo voto do povo. Embora a critica aos partidos seja necessária, cidadania e política só se afastam em momentos de crise, porque de resto são o reflexo uma da outra. Ambas vivem com um modelo de centralismo muito semelhante. Ambas se baseiam na ideia de que a informação deve circular de baixo para cima, mas com a certeza de que ela nunca será ouvida. Que a informação com ordens ou decisões circula de cima para baixo, mas essa não pode ser questionada. E qual é o problema?
É que se reduz a democracia a um conjunto de procedimentos que entregamos ás elites partidárias e que eles vão alterando, até ao ponto de já não sabermos onde estamos. Quer dizer, continuamos a ter uma democracia, mas ela é apenas formal e sem densidade. Vota e não te metas na política! Estas democracias de baixa densidade ficam sujeitas a vários problemas: A perda de confiança nas lideranças; uma presença exagerada do Estado; pouca participação dos cidadãos e fragmentação dos partidos. Afinal é isto a que estamos a assistir!
As sociedades, neste contexto, tendem a perder movimento, porque não há democracia, nem política sem diálogo permanente, sem diferenças e conflitos. Perdem movimento, porque a boa política, que devia ser preparada para trabalhar as incertezas, apenas trata do curto prazo e das exigências do presente. Perdem movimento, porque só quando compreendemos as falhas da política é que podemos descobrir o que fazer para a tornar bem-sucedida. A política tem que se ligar á inovação tecnológica e social e conflituar com o seu presente. O que dificulta esse movimento?
A democracia não é perfeita e está sujeita a armadilhas. Entre elas, a construção de uma opinião pública que já não circula de baixo para cima, nem como voz da sociedade, mas como uma voz mediada. Uma opinião pública que pode fabricar várias espécies de medo e pode paralisar ações necessárias! Pode até acontecer, que conflitos e mensagens sejam encenados e sirvam apenas o mercado da atenção. Aqui a autoridade pode valer pouco, porque o que passa a fazer falta é uma inteligência social sólida, que permita que o medo se dilua e a democracia funcione. Que as Instituições e Normas não se limitem a dar tudo aos vencedores das eleições. Tudo isto, porque vivemos num tempo de medos, onde por vezes nem sequer conhecemos as suas causas. Um dos exemplos é a mudança! Uma mudança demasiado acelerada que nos pode fazer perder a visão e a memória. Pensem bem, quando circulamos num automóvel, não é a mesma coisa ir á velocidade de 80 ou 180 km. Na velocidade maior perde-se visão e a fixação dos detalhes que alimentam a memória. Este é o estado do mundo atual e isso causa-nos inseguranças e medos, que dirigimos para aqueles de quem dependemos. São a família, emprego, chefe, partidos, Estado e finalmente o governo que carrega todas as inseguranças! O problema é que qualquer exigência de mais segurança, não funcionará sem mais confiança.
O que parece estar a acontecer nos recentes debates eleitorais é que o Sistema Político-Partidário não tem conseguido trabalhar essa confiança ou não a sabe transmitir. Parece mais preocupado em servir o tal mercado da atenção. Há um princípio que nos permite fazer esta avaliação e que se traduz na equação: Quanto menos há para decidir, quanto menos está em jogo e tanto mais se faz notar a qualidade da representação. Quer dizer que a decisão nunca agrada a todos e produz sempre ruído. Então o melhor é fingir, mas bem, o que se decide. Qual tem sido a solução?
Recorrer a uma prática antiga e que o Homem sempre soube manipular. Pensar que a melhor maneira de aliviar o medo é sermos nós a fabricá-lo! Alguns candidatos têm recorrido a este truque, tentando assustar os eleitores com todas as outras soluções que não sejam eles próprios – Eu ou o Caos! Face a isto, resta-nos a capacidade e força para mudar a nossa condição de fracos para fortes e fazer com que o medo mude de lado. Penso que uma certa forma de modernidade poderia ajudar a esta insegurança! Seria transformar a ignorância em conhecimento, a confusão em evidência e o caos em ordem! Porque essa é uma missão impossível, continuamos á espera que a segurança nos caia do céu. Mas a sua falta, acaba por produzir mais pessimismo, alienação e menos confiança em nós próprios. Chegámos até ao limite de não acreditar nas capacidades humanas e em vez de investir na direção do Super-Homem, seguimos na direção das Supermáquinas. Isso, apesar de sabermos que ao longo da história, o aumento da segurança foi sempre resultado da inovação, da experimentação e do saber colocar as tecnologias ao serviço do Homem. Sempre o Homem como centro! Mas também sabemos que, para que isso aconteça, as classes médias não devem ter medo das mudanças. Nem elas e nem os outros sistemas, como é o caso do Sistema Político. O que está a faltar?
Falta fazer compreender a classe política da velha teoria do Darwin e que vem na Origem das Espécies: É na cooperação que a evolução se dá! E cooperação não é a concordância cega ou a ausência de conflito! Mas é acabar com representações de pobreza ética na relação entre pessoas do mesmo ofício e que ficaram patentes em alguns dos recentes debates. Falta termos confiança na classe política, governos e instituições. Falta que as campanhas eleitorais tragam compromissos sérios e mobilizem a sociedade. Falta que os debates eleitorais não sejam combates a dois, mas mostrem que a informação que vem de baixo para cima chegou, foi ouvida e vai ser respondida…
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Joaquim Alexandre Rodrigues
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